domingo, 26 de abril de 2009

Fantasiado

A brasa do cigarro do músico não é a mesma do advogado ou do empresário; ela o busca no fundo de sua alma e o alivia de si mesmo o colocando mais próximo da morte.
O músico está sempre farto de si mesmo; cada pessoa vê o mundo com as cores que lhe convém - o músico o vê em preto e branco. Ele está nos falsetes de Thom Yorke, na cama solitária de Janis Joplin, na mescalina de Allen Ginsberg e na inquietação de Bob Dylan.
O músico não é naturalmente triste, mas a natureza quer que ele seja e o força a ser; ele escreve sobre o amor porque sabe que é incapaz de possuir o amor de uma mulher, escreve sobre a alegria porque a quer em sua vida e sabe que nunca a terá, escreve sobre a tristeza porque a vê o tempo todo e, finalmente, escreve sobre o medo porque é curioso - ele não tem nada a perder, não precisa sentir medo.
Quando se é feliz, a infelicidade é triste; quando se é infeliz, a felicidade se torna triste - não há saída. Ler e escrever são os piores hábitos viciosos; somados são o primeiro passo para a desesperança, sendo o segundo quando se vê esta na vida real.
Não há esperança em lugar nenhum, mas é bom que você viva acreditando nela.