quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Livro de Jó - Capítulo 7

Capítulo 7

"1 A vida do homem sobre a terra é uma luta, seus dias são como os dias
de um mercenário.
2 Como um escravo que suspira pela sombra, e o assalariado que
espera seu soldo,
3 assim também eu tive por sorte meses de sofrimento, e noites de dor
me couberam por partilha.
4 Apenas me deito, digo: Quando chegará o dia? Logo que me levanto:
Quando chegará a noite? E até a noite me farto de angústias.
5 Minha carne se cobre de podridão e de imundície, minha pele racha e
supura.
6 Meus dias passam mais depressa do que a lançadeira, e se
desvanecem sem deixar esperança.
7 Lembra-te de que minha vida nada mais é do que um sopro, de que
meus olhos não mais verão a felicidade;
8 o olho que me via não mais me verá, o teu me procurará, e já não
existirei.
9 A nuvem se dissipa e passa: assim, quem desce à região dos mortos
não subirá de novo;
10 não voltará mais à sua casa, sua morada não mais o reconhecerá.
11 E por isso não reprimirei minha língua, falarei na angústia do meu
espírito, queixar-me-ei na tristeza de minha alma:
12 Porventura, sou eu o mar ou um monstro marinho, para me teres
posto um guarda contra mim?
13 Se eu disser: Consolar-me-á o meu leito, e a minha cama me
aliviará,
14 tu me aterrarás com sonhos, e me horrorizarás com visões.
15 Preferiria ser estrangulado; antes a morte do que meus tormentos!
16 Sucumbo, deixo de viver para sempre; deixa-me; pois meus dias são
apenas um sopro.
17 O que é um homem para fazeres tanto caso dele, para te dignares
ocupar-te dele,
18 para visitá-lo todas as manhãs, e prová-lo a cada instante?
19 Quando cessarás de olhar para mim, e deixarás que eu engula minha
saliva?
20 Se pequei, que mal te fiz, ó guarda dos homens? Por que me tomas
por alvo, e me tornei pesado a ti?
21 Por que não toleras meu pecado e não apagas minha culpa? Eis que
vou logo me deitar por terra; tu me procurarás, e já não existirei."


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Livro de Jó, Antigo Testamento