terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O demônio




Ainda que sejas o demônio
Quero de novo sonhar contigo
Troco por mil crianças em pranto
O tédio de um belo sorriso

Quero teus dentes podres. Tua carne crua e quente. Teus pêlos grosseiros e vulgares. Tua insaciável vontade do que é sujo e mal quisto. Um quarto luxuoso e velho, muito alto para lembrar-se de qualquer mundo. Tua humilhação e teu silêncio, teu afago e teu deboche. Tua espontaneidade em ser vil e barata. Vendo minha alma ao teu seio a troco de esmolas. Tudo isso por algumas horas, até que a vida seja somente um peso.

Que tua excreção seja minha comida
Para que, enfim, eu esqueça o pão