segunda-feira, 18 de abril de 2011
4:27
4:27. Quatro e vinte e sete. Meu despertador tocou mais cedo, não interessa por quê. Levanto-me com meus olhos quase fechados, tento olhar ao meu redor. Meu quarto toma a forma a qual desejei por toda a vida e eu a admiro por pequenos buracos lacrimosos e cansados. O sol não haver nascido não me chama atenção. O sol está sempre posto em mim, e a luz não faz qualquer diferença.
Fiz café e andei por meu apartamento. Meu sofá estava coberto de poeira. Minha cama estava coberta de poeira. Meus cadernos, minha câmera, minha guitarra. Tudo em que tocava se convertia em pó no instante seguinte. A brisa ligeiramente congelante da manhã levava tudo e dava ao pó formas delicadas do acaso. Eu assistia a tudo isto sem sorrir. Não era como um dos pesadelos que costumava ter quando adolescente. Estava realmente sozinho. Poeira e sonhos. Passado e futuro. Meu corpo era invadido de sensações que fugiam de meu controle. E os belos finais de meus textos ficaram presos em outrora. E no futuro.
É bom acordar antes de a vida começar, onde há espaço para tudo.