terça-feira, 3 de janeiro de 2012

2012




Alguém está muito fodido amanhã. São três horas e eu deveria estar dormindo, mas simplesmente não consigo.
Terminei 2011 e comecei 2012 com uma obsessão: começar a lutar boxe.
Acabo de assistir ao "Raging Bull", um dos primeiros filmes que vi de meu diretor favorito (Scorsese), e comecei a pensar no porquê de tamanha obsessão.
A época da gravação do filme é o ápice do vício do diretor em cocaína. Ele foi convencido pelo De Niro a pôr o vício de lado e fazer o filme, que pensava ele ser o último de sua carreira. Esta carregada e pessimista biografia me explicou perfeitamente o por que da minha obsessão pelo esporte.
A última luta de boxe que vi, que não fosse em preto e branco, foi a do Mike Tyson contra o Evander Holyfield, da clássica e infeliz mordida de orelha. Lembro de sentir neste dia exatamente o que era o patético.
Deixei de acompanhar o esporte até conhecer Cassius Clay, o famoso Muhammad Alli (que detestaria ser chamado por mim pelo seu nome de batismo, anterior à sua conversão ao islamismo). Pessoas inteligentes, carregadas e que não conseguem comunicar tudo o que existem dentro delas me despertam um interesse fora do comum; enquanto lia sobre sua vida, percebia aos poucos o ídolo, tantas vezes aplaudido e tantas vezes vaiado, gigante dentro dos ringues e por sua coragem política, percebia o quão genial era esse cara que exigia convívio para que fosse compreendido. É uma frustração, mas que me deixa de resto o ânimo de conhecer muitas pessoas que com ele se parecem. Via-me espelhado naquele cara, toda uma agressividade que enclausurava sentimentos puros.
O Scorsese poderia nunca ter feito esse filme, morrido cheirando pó, seria consagrado como gênio, o que aconteceu com muitos que pararam cedo. Antes de "Raging Bull", já havia feito o que é pra mim o maior filme da história ("Taxi Driver") e outros grandes filmes como "New York, New York" ou "Mean Streets". Mas ele escolheu continuar e superar. Acho que gosto de Boxe pelos mesmos motivos destes caras que pra mim são heróis (De Niro, Scorsese), caras que não são tão diferentes dos grandes boxeadores. A técnica do boxe é importante, mas os grandes boxeadores apanharam muito mais da vida, aprenderam o boxe nas esquinas, em casa com suas famílias, na dureza teimosa e imaleável de suas ideologias.
2011 foi um ano de sonhos pra mim. Fodi muita coisa por besteira, bebi mais do que deveria, pensei menos do que poderia, agi menos do que era necessário e, principalmente, abandonei a espontaneidade que sempre guardei comigo.
A vida nunca vai ser estável, mas nunca deixará de ser incrível. Nunca deixe de confiar que ela possa te surpreender, sempre lute por ela.
Feliz 2012 a todos vocês, não que eu não ache banal querer revigorar o espírito em mudanças de anos, mas é algo que nunca é dispensável, indiferente à data.

http://www.youtube.com/watch?v=5wwItkoapuA