sexta-feira, 6 de abril de 2012

Chaos

Hábitos. É tudo o que somos a um observador exterior. Um conjunto de hábitos. A tendência a substituir a racionalidade por hábitos é inerente à própria amplitude racional do homem e sua baixa autoestima, ao encarar organismos como a história ou o tempo. Quanto mais extensa a história da humanidade, quanto mais quantitativos os valores culturais de seu meio, bem como a aceitação destes, menor a capacidade humana. Até que o homem se liberte da segurança, o relógio é um inimigo.

Não entendo por que revolta o homem a idéia de ser produto do meio. É possível que 99% dos seres humanos de um século sejam meros produtos do meio. É possível, portanto, que todas as pessoas que respiram, neste instante, sejam meros produtos do meio. Que não haja vida racional sobre a Terra em toda uma geração. Que a raça humana esteja temporariamente morta.

Só há uma possibilidade de o homem se desvincilhar do meio: um ser de intelectualidade superior, que viva em um ambiente conflituoso o suficiente para que o obrigue a usar a racionalidade em meio à gama de opções, princípios, opiniões, sob efeito da máxima relativização da verdade. Onde a verdade não seja simples, e várias verdades opostas sejam socialmente exigidas. Quanto maior a superioridade racional do ser humano, menor a necessidade de conflitos no ambiente para haver autodeterminação.

O homem aproxima-se de sua humanidade à medida em que se aproxima do caos.


Chaos, vírus do século XXI.