O artificial corre em minhas veias. Escorre por meus cabelos, se esconde embaixo de minhas unhas, fede embaixo de meus braços.
O artificial impregna meus versos. Ama meus amores, odeia meus desafetos, alimenta meu ódio e desfruta de meus breves momentos de prazer.
O artificial lê minha sorte. Viaja por meus segredos, forma as linhas de minhas mãos e caçoa de meus sonhos.
O artificial me arrasta pelo asfalto de sua própria estrada em busca de algo que não o seja.
O artificial escancara as cortinas quando já é noite e me obriga a sorrir como se visse o sol.
O artificial faz com que me arrisque sem medo, porquanto minhas decepções sejam também artificiais.
O artificial me adora, flerta com minha humanidade, me seduz, me devora, me vomita.
O natural me faz chorar.