As paredes de meu quarto já não refletem mais
Tudo o que passou
Meu reflexo no espelho já não mostra mais
Tudo o que eu sou
(E o que será que eu sou?)
Na manhã, pela janela, o sol não ilumina mais
O que sobrou
Há um mar de escolhas e meu corpo não emerge mais
Fico com o que restou
(E o que será que me restou?)
Cartas que já não interessam
Versos no canto do caderno
Lembranças do que um dia foi sincero
O rosto no espelho do baneiro
Os olhos carregando o passado
Todo o fardo sendo abandonado
Os meus livros na estante já não refletem mais
O que aprendi
Os CD's e o walkman já não mostram mais
Tudo o que eu vi
(O que eu vi, eu aprendi)
A promessa da menina já não reflete mais
O que virá
E soprando na esquina, o destino, o acaso traz
O que será
(O que será que me virá?)
A cabeça deitada no travesseiro
No caderno, as idéias novas
A bondade que o mundo, lá fora, reprova
O espaço vazio na parede
Os retratos que ainda estão por vir
Retratos que um dia também vão partir