Ele cozinhava para si mesmo; salivava diante dos melhores pratos e tremia perante a ansiedade do relógio, que não se continha e pedia, a cada segundo, para que a comida logo ficasse pronta e seus ponteiros pudessem assisti-lo comer.
Ele cozinhava para si mesmo; e era um banquete. Sorria enquanto fervia uma panela de rancor e via cozinhar outra de infelicidade. Em uma frigideira, suas lembranças e seu passado fritavam e tudo se tornava fumaça enquanto, na mesa, a solidão apertava os talheres contra o prato provocando um ruído insuportável, demonstrando seu incontrolável ímpeto de devorar. Serviu a mesa, mas perdeu a fome.
Ele cozinhava para si mesmo e, sozinho, alimentava sua solidão; e era um banquete!