terça-feira, 28 de setembro de 2010

Cara para um amigo. Carta para os velhos tempos.



Cara, não sei bem por quê, mas me deu uma vontade incontrolável de vir aqui e encher uma caixa de diálogo de besteiras, não tão bestas quanto parecem ser.
Às vezes, quando me sinto mal, milhares de memórias me vêm à cabeça, muitas delas com você, apesar de uma amizade não tão longa. Lembro quando comecei a tocar com bandas, a primeira vez que você me viu tocando num ensaio da Fenris. Maurício na bateria, eu tocando guitarra e cantando, só isso. Naquele dia voltamos pra casa conversando sobre música, eu irritando você, você me irritando e nós dois nos entendendo.
Quando começamos a tocar na Legendarius, me senti como se tivesse finalmente encontrado algo que há muito vinha procurando. Nós simplesmente sabíamos sobre o que se tratava música. Todas nossas cicatrizes de adolescente misturadas a sorrisos. A balalaika no fim de semana era uma mistura de superação e diversão. Aqueles momentos representam exatamente do que se trata música, independente da qualidade que saísse dos nossos instrumentos.
E esses milhares de defeitos que você tem e faz questão de não abrir mão, de teimosia, tendo consciência de que largá-los é perder uma parte valiosa do que você é. Cada um deles é parte essencial de nossa amizade e da admiração que tenho por você. Não gostaria mais ou menos de você se você os perdesse, mas gostaria menos de você se você abrisse mão de algo de forma que te fizesse se sentir vazio, seja esse algo bom ou ruim.
Só queria renovar algo que não consigo ver morrer. Mesmo que agora não tenha absolutamente nada pra fazer em Varginha, nós amadurecemos tanto de forma tão rápida e, ainda assim, nos mantemos reunindo, fazendo qualquer merda, qualquer horário, porque sabemos o valor de tudo o que aconteceu. Essa é uma boa cicatriz que não pode sair do nosso corpo.
Com o tempo vou descobrindo que a amizade não é encontrar alguém com todas as qualidades que você espera, mas sim alguém que te faça se sentir você mesmo, mesmo que a pessoa tenha os defeitos que você nunca esperou. E esses defeitos realçam nela as qualidades que você nunca procurou, mas que se tornam indispensáveis pra você com o passar do tempo.
E esse passar do tempo não consegue apagar certas coisas. Não importa o que você seja agora, não importa o que você se torne, você é um irmão pra mim e sempre será.
Um abraço e se cuide, meu caro "Nocêra".

http://www.youtube.com/watch?v=wrivjzw0RlI

segunda-feira, 27 de setembro de 2010