terça-feira, 28 de outubro de 2008

"(...) Eu gosto é do gasto"

O velho e o moço
Los Hermanos
.
"Deixo tudo assim,
não me importo em ver
a idade em mim
Ouço o que convém
Eu gosto é do gasto
.
Sei do incômodo
e ela tem razão
quando vem dizer
que eu preciso sim
de todo cuidado
.
E se eu fosse o primeiro
a voltar pra mudar
o que eu fiz
quem então, agora, eu seria?
.
Tanto faz
e o que não foi, não é
Eu sei que ainda vou voltar
mas eu quem será?
.
Deixo tudo assim,
não me acanho em ver
vaidade em mim
Eu digo o que condiz
Eu gosto é do estrago
.
Sei do escândalo
e eles têm razão
quando vêm dizer
que eu não sei medir
nem tempo e nem medo
.
E se eu for o primeiro
a prever e poder
desistir do que for dar errado?
.
Ora, se não sou eu
quem mais vai decidir
o que é bom pra mim?
Dispenso a previsão
.
Se o que eu sou
é também o que escolhi ser
Aceito a condição
.
Vou levando assim,
que o acaso é amigo
do meu coração
Quando falo comigo
que eu sei ouvir."
.
--------------------------------------------------------
.
Mais que qualquer um, considero auto-conhecimento introspectivo uma grande bobagem; pode-se até chegar mais perto de uma dominação melhor sobre si mesmo, mas nunca uma dominação ampla e completa.
Mas como um ser humano repleto de contradições, estou em um período de maior descoberta, por isso ando postando tantas músicas e menos textos próprios. Na verdade, isso já me encheu o saco de forma imensurável e creio que está tornando o blog maçante; não que meus textos sejam melhores que a produção alheia, mas porque um blog de textos alheios é como um livro de histórias alheias, simplesmente inútil.
Também estou com idéias de escrever coisas maiores, comecei um conto e, quando acabá-lo, pretendo postar um link pra baixá-lo por aqui.
Logo, pretendo deixar o blog um tempo de lado, a não ser que algo de extrema necessidade de exposição me apareça. Não creio que o conto demore tanto tempo pra ser terminado, mas espero que no mínimo eu chegue ao fim deste.
Abraços

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Liberdade


"(...)
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
.
Pela cachaça de graça que a gente tem de engolir
Pela fumaça e a desgraça que a gente tem de tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem de cair
Deus lhe pague
.
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague"

domingo, 26 de outubro de 2008

sábado, 25 de outubro de 2008

Passo a passo

Um passo, um segundo,
um pouco menos de vida.
Um passo, um segundo
um pouco mais de solidão.
Um passo, um segundo, um pouco mais de explicações
e um pouco mais de nada.
.
Um pouco menos de tudo, um pouco a mais ao tudo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

.


"Desolação de Los Angeles,
a Baixa Califórnia e uns desertos ilhados
por um pacífico turvo;
A asa do avião,
o tapete cor de poeira de dentro do avião,
a lembrança do branco de uma página;
Nada serve de chão
onde caiam minhas lágrimas."
Caetano Veloso

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O imperialismo e o neocolonialismo

No século XIX o capitalismo assume um novo contexto; a concorrência tão evitada (Inglaterra tenta impedir a concretização do pensamento liberal francês financiando os países absolutistas contra a Revolução Francesa, tenta impedir a independência das treze colônias, a França entra em guerra contra a Prússia e Sardenha-Piemonte para evitar a unificação e formação dos países Itália e Alemanha) surge com a formação dos Estados Unidos, que impões domínio sobre a América através da Doutrina Monroe e do Big Stick Police; a França, que havia sido dominada com o pensamento burguês, o Japão, que passa por uma transição atrasada do Sistema Feudal para uma unidade política que facilitava a arrecadação de subsídios para uma industrialização, a unificação italiana e alemã.
Logo, cada Estado procurou assegurar seu território como mercado consumidor próprio (na América, a origem da dependência tomando formato eterno está aí, pois os estado-unidenses procuraram subjugá-los e, de certa forma, pará-los no tempo, pois, com seus mercados consumidores consumindo produtos estrangeiros - muitos ingleses, no caso brasileiro, lembrar do Tratado de Comércio e Navegação e Aliança e Amizade - a industrialização nacional não se desenvolveu).
O mundo passava pela Segunda fase da Revolução Industrial, com ela se espalhando para vários países, como supracitado, tendo a produção se tornado mais eficiente com o surgimento do petróleo como matriz energética, a eletricidade e a aplicação de modelos de produção como o Taylorismo e o Fordismo.
Lembre-se também que em meados do século XIX surge o nacionalismo como expressão do direito de liberdade de um povo através de um governo próprio, e que este evoluirá para um sentimento extremista de ufanismo, o que limitará ainda mais o mercado consumidor de um país a ele próprio.
Com a grande mudança na forma de produção, empresas que cresceram mais passam a dominar determinadas áreas produtivas, tendo o capitalismo concorrencial não chegado ao fim, mas chegado onde tendia a chegar, com o monopólio de determinadas empresas, o capitalismo monopolista. Surgem os holdings, cartéis e trustes; formas de empresas maiores monopolisarem o mercado e excluírem empresas menores, "engolindo-as".
Com esse fechamento de mercado pelo alastramento da industrialização e a limitação do mercado na América, os olhos europeus se voltam para a África e Ásia.
Os países europeus iniciam o neocolonialismo e, se antes a África só era ocupada por europeus em Guiné, Moçambique e Angola pelos portugueses desde o período de expansão marítma no século XVI, agora a África e Ásia têm seus territórios repartidos entre os países centrais europeus.
O neocolonialismo era o complemento que estabilizava a economia industrial dos países europeus: com ele, possuíam novamente um amplo mercado consumidor, um fornecedor "estável" (ao menos a princípio) de matéria-prima.
Além disso, deve-se lembrar que toda essa evolução capitalista se baseou principalmente em uma intensificação na exploração do proletariado (a qual já era intensa) e isso acabou por gerar movimentos como o cartismo, na Inglaterra, que fazia reinvidicações operárias como limitação na carga horária, fim do trabalho infantil, salário mínimo, além de o direito de interferência política com o sufrágio universal. Surgem as trade-unions, que darão origem ao sindicalismo, o ideal operário começa a tomar forma e se basear em revoltas anteriores como a Conspiração dos Iguais, de Graco Babeuf, na Revolução Francesa. Surge, então, o ideal comunista e as doutrinas sociais, métodos através dos quais se chegaria ao Comunismo: Socialismo Utópico (Robert Owen, falanstérios), Socialismo Científico (Friedrich Engels, Karl Marx), Anarquismo (Bakhunin).
Assim, com o acirramento dessas revoltas e o acúmulo de capital, os empresários passam também a investir nessas colônias e mandar trabalhadores para elas, aliviando o exército industrial de reserva e, concedendo conquistas aos operários, amenizando esses ideais e acomodando os operários, tornando o sonho do Comunismo cada vez mais distante (claro que é um processo realmente gradativo, que vem acontecento até os dias de hoje).
Porém, as nações industrializadas começam a acomodar e abusar na exploração, surgindo, nessas colônias, revoltas.
A Inglaterra tinha na Índia um controle total, cobrando impostos, vendendo suas mercadorias e controlando os cipaios, tropas nativas. Quem cuidava da cobrança de impostos era a Companhia das Índias Orientais (a mesma que realizava o comércio do chá da Lei do Chá na América, uma das leis restritivas, do período de treze colônias, no pós-Guerra dos Sete Anos). Porém, os cipaios descobriram que os ingleses utilizavam em seus materiais couro de vaca (animal sagrado nesse país) e a Inglaterra aprofundou o controle sobre a cobrança de impostos, surgindo a Revolta dos Cipaios, que foi duramente reprimida e serviu de pretexto para a tomada de poder político na Índia por parte da Inglaterra.
Na China, surge a Guerra do Ópio, pela qual a Inglaterra tomou Hong-Kong (que só voltou a ser domínio Chinês no século XX) e, em seguida, teve seu território repartido entre potências industriais como França, Alemanha, Rússia e Estados Unidos. Essa dominação abusiva gerou a Guerra dos Boxers, que tentou expulsar esses países, mas foi duramente reprimida por uma coligação deles.
Vale perceber, nesse contexto, que a reforma agrária foi essencial para países pobres com grande concentração fundiária, como a França e o Japão, países que protegeram seus mercados, investiram em sua industrialização e realizaram a reforma agrária, dando assim, um salto de países prejudicados para potências mundiais. Países como o Brasil, que não conseguiu (e nem tentou na maior parte do tempo) proteger seu mercado nem realizar a reforma agrária continuaram pobres; portanto, a reforma agrária foi e continua sendo um passo essencial para o desenvolvimento de um país.
É importante também perceber que a unificação tardia italiana e alemã prejudicou muito esses países na disputa da neocolonização, principal motivo gerador da Primeira Guerra Mundial.
A Itália e Alemanha também desenvolveram laços por se unirem na luta pela unificação (Prúsia e Sardenha-Piemonte) que se aplicararão na Segunda Guerra Mundial (não por amizade, mas por passarem por um processo de formação e pós-formação muito semelhantes, gerando uma confluência política (tanto em parte da Primeira Guerra como em toda a Segunda).

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Diálogo de "Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde

"(...)
-Quer então que eu defenda o meu trono?
-Quero.
-Ou diga as verdades de amanhã?
-Prefiro os erros de hoje, respondeu ela.
-Desarma-me, Gladys.
-Do seu escudo, Henrique: não da sua lança.
-Nunca pelejo contra a beleza, volveu êle, com um aceno de mão.
-É êsse o seu êrro, Henrique, creia-me. Exagera o valor da Beleza.
-Como pode dizer isso? Penso que vale mais ser belo do que ser bom. Mas por outro lado, ninguém primeiro do que eu reconhece que vale mais ser bom do que ser feio...
-Então a fealdade é um dos sete pecados mortais? exclamou a duquesa. Que é feito do seu simile a respeito da orquídea?
-A fealdade, Gladys, é uma das sete virtudes mortais. Como boa Tory, que é, não as deve menosprezar. A cerveja, a Bíblia e as sete virtudes mortais fizeram a nossa Inglaterra, o que ela é.
-Então não gosta da sua terra?
-Vivo nela.
-Para melhor poder censurá-la.
-Quer que eu adote a opinião da Europa sôbre ela?
-Que dizem de nós?
-Que Tartufo emigrou para Inglaterra e abriu uma loja.
-É sua essa frase, Henrique?
-Dou-lha
-Não me poderia servir dela. É verdadeira demais.
-Não tem que recear. Os nossos patrícios nunca reconhecem uma descrição.
-São práticos.
-São mais manhosos que práticos. Quando escrituram os seus livros, saldam a estupidez com a riqueza, e o vício com a hipocrisia.
-Contudo, temos feito grandes coisas.
-As grandes coisas é que foram atiradas ao nosso encontro, Gladys.
-Suportamo-lhes o pêso.
-Sòmente até à Bôlsa.
Ela abanou a cabeça e exclamou:
-Creio na raça.
-Representa a sobrevivência do impulso.
-Tem progredido.
-Fascina-me mais a decadência.
-E que diz da Arte?
-É uma doença.
-E o Amor?
-Uma ilusão.
-E a religião?
-Uma coisa que a moda inventou para substituir a crença.
-É um cético.
-Nunca! O ceticismo é o comêço da Fé.
-Que é você?
-Definir é limitar.
-Dê-me um rastro.
-Os fios partem-se. Extraviar-se-ia no labirinto.
(...)"

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Bom, "O Retrato de Dorian Gray" é um livro composto por diálogos interessantíssimos, o que me impossibilita de selecionar apenas um e ficar satisfeito com a minha postagem, levando em consideração que esse está longe de ser um diálogo que se destaque perante aos outros; é um livro que todos devem ler durante a vida; ou melhor dizendo, antes de completarem vinte anos.
Dedico a minha leitura e todo o meu aprendizado (na verdade, agradeço) à minha falecida tia Letícia Maria Recipute (Inscreve-se no livro que ela o recebeu no dia 21/09/1960).

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Pensamentos soltos..

Tudo o que ouço em minha cabeça é um grito constante e a solidão, mais pura e cortante que nunca.
Às vezes eu acho que a conheço melhor que qualquer um; danem-se os consagrados músicos e poetas. Eu, um insignificante varginhense, sou o que a melhor conhece e conheceu de todos os tempos. Sou o único que a percebo, a dou atenção e a alimento a todo instante, como um animal de estimação, ou melhor dizendo, uma fera que deve ser bem tratada para que não se enfureça e te devore.
Sei bem como ela é um falso amigo, aquele que você sente saudades quando se distancia, quando reaproxima, se reconforta por pouco tempo e logo vê que o idealizou esse tempo todo, mas que ele não traz nada de bom pra você. Modéstia à parte, o que a solidão me traz são os poemas que escrevo para você, as músicas para te reconfortarem e acompanharem nos momentos que você viveu e eu não. Às vezes eu escrevo algo e só passo a entendê-lo muito depois, e uma frase que, a cada dia que passa, eu a entendo melhor, é "(...) O artista deve ser triste para que as outras pessoas sejam felizes". É incrível como podemos estudar, ler e nos informar o tempo todo quando, na verdade, a resposta pra tudo nasceu dentro de nós e está guardada na ponta de um lápis mordido e mal apontado, assim como, às vezes, o melhor dos livros já passou pela mão de milhares de pessoas e espera para ser jogado no lixo em algum sebo, e não possui uma linda capa e está em alguma livraria enorme por aí.
E é esse o melhor e o pior momento do meu dia, a noite, o meu caderno, a minha cama. Ah, que coisa antagônica é a solidão!
Às vezes posso não estar nem um pouco cansado e ela não vem me visitar, então, é deitar e dormir. Mas acho que quanto mais você pensa, mais você se cansa e mais você a atrai, e é naqueles dias que você deita sem conseguir sentir seu corpo que ela vem te visitar, rouba seu sono e coloca em seu lugar lembranças e pensamentos.
Fecho os olhos e me lembro de estar em outra cama pela qual passei, deitado pensando no que aconteceu naquele dia, por que estava ali e como era bom (ou ruim). Acho que é por andar sem ter o que pensar sobre minha vida e meu dia que tenho de recorrer ao passado e tentar subverter a memória em esperança de repetição, o que nunca acontece; sempre se converte em agonia e desespero por estar parado aqui sem nada acontecendo ou por acontecer.
Um dia desses preciso pôr minha mochila nas costas e sair por aí de novo.
.
"(...) A solidão é contar estrelas
sozinho ao meio-dia
enchendo de perguntas
a vida vazia (...)"
.
E cá estou eu, e lá se vai mais uma insônia no 204 para a minha contagem.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Meu, seu, nosso

Há muitos conceitos e idéias que precisam de uma ampla revisão em nossas cabeças. Por muito tempo o homem não percebeu (apesar de ter aplicado involuntariamente) que a inteligência e a criatividade partem de dois "caminhos", a própria capacidade de raciocínio e a imaginação, o poder de abstração. A maior parte de nossos conceitos vem de linhas extremamente racionais traçadas a partir de um ponto imaginário inicial; pelas pessoas não terem percebido a importância da imaginação, poucos, através dela, deram o ponta-pé inicial para toda uma linha de raciocínio.
Fica claro na história que a imaginação é o pedestal da evolução, mas, com essa percepção e evolução da imaginação, o homem passa a perceber que vários conceitos com base racional precisaram ser reformulados por ignorarem diversos fatores, ou melhor dizendo, que além de a imaginação ser o pedestal da evolução, ela deve andar sempre lado a lado com o raciocínio lógico para que este não se perca.
É legal deixar que os campos imaginários se entrelacem em seu cérebro e esperar para "ver onde vai dar", por exemplo: todos já ouviram alguém dizer que duas retas paralelas se tocam no infinito, mas todos também já ouviram dizer que isso é infundado. Se você levar em consideração o conceito de retas paralelas, retas que mantêm sempre a mesma distância entre si, perceberá racionalmente que é uma idéia infundada. Mas tente abstrair a idéia, esqueça a teoria e pense na seguinte situação: dois prédios foram construídos lado a lado e você está muito próximo a eles; você verá entre eles uma enorme distância. Então, você se afasta um pouco, essa distância diminuirá; se você se afasta tanto que chega a vê-los no horizonte, apesar de estarem na mesma posição, parecem estar muito mais próximos. Agora imagine que os prédios possam se mover (afastam-se) e você fica parado: você estaria enxergando o desenvolvimento de duas retas paralelas. Se, a medida que eles se afastam, ficam mais próximos, quando se afastarem infinitamente, se tocarão. Surge, então, um conflito entre o que você imagina e o que é racional: apesar de parecerem mais próximos, se feita uma medição, estão à mesma distância de antes. Acontece que a visão espacial que nós temos é muito limitada, por isso há presença desses choques. Se a utilizarmos para situações terrenas, a construção de um prédio ou de uma rodovia, ela é funcional, mas se a expandirmos para um pensamento universal, ela chega a ser ridícula. basta pensar que, por exemplo, quando achamos que estamos caminhando em linha reta pelo planeta, sua esfericidade torna nossa trajetória curvilínea. Deve-se perceber uma relatividade nas medidas, abrir a mente e aceitar que nada é fixo - como aprendemos no colégio que a velocidade, a presença ou não de movimento em um corpo, depende de um referencial.
Se agora acreditamos que as retas se tocam no infinito, surge outro dilema causado pelo erro conceitual: os números são infinitos, logo, as pessoas pensam que é impossível contar até o "fim" dos números; se as retas se tocam no infinito, mas é impossível chegar até ele, então do que adianta modificar nossa visão espacial?
Os números são infinitos porque o homem ainda não sabe afirmar qual é o seu limite e nem tem idéia se ele existe e o que o causaria, por exemplo, se soubéssemos o funcionadmento de todos os fenômenos de todo o universo e os tivéssemos descritos na matemática, poderíamos por exemplo pegar o ápice da situação de módulo mias elevado e a chamar de limite dos números, ou somar os ápices de todas as situações e a considerar o limite, quebrando assim, o infinito dos números. O infinito não é algo impossível de se chegar, mas sim, algo que o ser humano ainda desconhece. Apesar de a imaginação nos permitir perceber que as retas paralelas se tocarão em algum ponto muito distante, não podemos ainda afirmar qual (por isso, no infinito, no desconhecido), sendo função agora do raciocínio, em cima da imaginação, encontrar esse ponto e quebrar mais um infinito até que este não exista.
Deve-se perceber então que o erro é essencial, porque quando se constrói um sistema em cima de algo, sua aplicação permite perceber que esse sistema está errado e tendencia a construção de um mais coeso e assim sucessivamente até que não sejam mais encontrados "infinitos" (para entender o infinito no plural, deve-se lembrar que o infinito é apenas um conceito, não é uma constante numérica, logo, existem vários infinitos de tamanhos variados porém de conceito constante: algo que se desconhece; pode-se provar isso através do tamanho diferente do grupo dos números naturais e inteiros, apesar de ambos serem infinitos).
O que não pode acontecer é, ao encontrar uma falha nesse sistema, ignorá-la e persistir nele, estagnando a evolução.
Esses limites encontrados nos permitem questionar diversos conceitos básicos de nossa visão espacial, por exemplo: ao se pensar que há três possíveis posicionamentos entre duas retas: coincidentes (apesar de um conceito também polêmico, nossa própria visão retrógrada já é capaz de prová-lo verdadeiro), paralelas (seguindo o raciocínio feito até aqui, a provamos falsa) e concorrentes. Mas como podemos afirmar essas posições se as retas são infinitas juntamente com o universo? Como podemos afirmar que, no fim do universo, o comportamento dessas retas não será totalmente diferente do que imaginamos?
O conceito de "fim do universo" pode soar ainda estranho à sua cabeça, mas lembre-se de que antes da comprovação da esfericidade da terra, o próprio oceano era infinito (dentro dos conceitos matemáticos) e havia um continente inteiro nesse infinito, algo antes ignorado e que hoje influencia todo o funcionamento e desenvolvimento mundial.
Aqui começa a idéia de uma forma de ver a vida totalmente diferente da que nós temos, pois, quando imaginamos o tempo, a nossa linha da vida, a imaginamos como uma reta em nosso conceito retrógrado. Suponhamos que o universo funcione de maneira a distorcer uma reta completamente, apesar de, ao seguirmos através dele, nos mantenhamos em linha reta (no nosso conceito) perante a nossa visão; imagine que, na verdade, o fim do universo seja uma espécie de retorno ao início (o que eu imagino que, em alguns milhares de anos, será considerado uma idéia retrógrada, assim como pensar no fim do oceano como o limite de tudo; mas, como supracitado, o erro é essencial para a evolução, representa cada vez mais a queda de barreiras e leva sempre ao fim de um ciclo e início de outro; portanto, devemos estabelecer limites em tudo para que possmaos evoluir até ele e quebrá-lo; eu escolhi, como limite, o universo). Se pensarmos assim, a reta é uma figura que não existe na forma como imaginamos: na verdade, a própria reta corta ela mesma e, nessa distorção do universo, quando se pensa em retas e em um ciclo, essas retas se cortam simultâneamente várias vezes em diversos pontos e cortam a si mesmas também diversas vezes.
Imagine esse trajeto do universo agora como um ciclo da vida: a partir do ponto onde a reta corta ela mesma, a pessoa nasce, morrendo no ponto onde a reta se corta novamente. Imagine essa linha da vida coincidindo com a linha do tempo.
Pensando assim, a linearidade do tempo acaba completamente, ele progride muito mais lentamente do que pensamos e uma pessoa volta a um ponto onde já esteve em um ciclo de vida várias vezes, fazendo do tempo uma espécie de mola, que contrai e, ao se soltar, avança um pouco, contraindo novamente em seguida e assim sucessivamente. Assim sendo, nós estamos voltando no tempo em todo o início de um ciclo e modificando a nós mesmos e a história, tornando o mundo algo passível de mudanças a todo momento. Mas como funcionaria esse retorno a um ponto onde você mesmo ainda está vivo? A resposta a isso seria uma idéia muito próxima à reencarnação: quando você nasce, você pode estar, simultaneamente, vivendo em outro corpo sem saber disso, mas que, na nossa visão cronológica, você já passou por todo seu ciclo ou ainda passará. Logo, se você está agora em uma sala cheia de pessoas, ao levantar a cabeça e olhá-los, é possível que você esteja olhando a si mesmo em outros corpos.
Mas se você for pensar assim, esse ciclo pode ser mais complicado do que parece: e se, por exemplo, ao matar uma pessoa, você mata a si mesmo? Imagine que você estará influindo na reta de seu próprio ciclo, fazendo-a pular para o ponto em que ela intercepta ela mesma (como uma disfunção), e isso poderá influenciar em seu próximo início ou em todos os seus ciclos.
Mas e se, por exemplo, alguém voltar no tempo e modificar toda a história da humanidade? É como se todos os progressos já feitos estivessem de alguma forma planejados e mudanças profundas fossem evitadas pelo próprio pensamento e instinto humano: por isso nunca houve uma real revolução, global e que alterasse todos os aspectos do mundo, isso desajustaria o ciclo.
Logo, estou dizendo que o instinto ruim humano é capaz de descontrolar a si mesmo, mas é necessário para controlar, manter no "eixo", os ciclos em geral.
Porém, acho que a forma mais adequada de se pensar é que, na história, não existe início, meio ou fim: toda ela está sendo construída simultaneamente e, por isso, as retas também se cortam entre si em vários pontos, um ponto da história está influenciando outro e ciclos distantes, dessa forma, se influenciam de qualquer forma e a qualquer momento.
Isso pode nos levar a refletir sobre a velha história de Deus estar dentro de nós mesmos, porque essa teoria nos permite pensar na história como vários organismos gigantes onde uma só reta constrói um período inteiro e abrange todos os ciclos presentes nesse período: cada período teria uma reta só que se cortaria em um enorme número de pontos, fazendo com que, nesse momento, todas as pessoas do mundo sejam você e inclusive a maioria das que ainda são lembradas, apesar de já estarem mortas (lembradas por parentescos recentes e não por feitos históricos) e inclusive algumas que já foram esquecidas.
Se progredirmos nessa idéia, poderíamos pensar em, ao invés de várias retas, uma reta só que representa todos os ciclos de vida da história, logo, você sou eu, nós somos todos, fomos todos e seremos todos; eu, você e todo o resto do mundo somos o que conhecemos como Deus e, ao reclamarmos por ele não mudar as coisas, reclamamos de nós mesmos (nesse ponto já não sei se ainda devo usar o plural) por nós termos vivido todas as vidas, termos realizado tudo de bom na história e, ao mesmo tempo, tudo de ruim, nunca mudando nada por não termos essa visão apresentada agora e por termos agido de acordo com as restrições e as formas de pensamento que cada corpo nos impôs. Tudo que alguém fez de ruim pra nós mesmos em nossa vida, foi feito por nós mesmos.
Claro que isso tudo, como deixei bem claro no início, é uma suposição, não significa que eu acredite nem dúvide disso, que eu brigue para que aceitem que é a verdade nem que eu permita que digam que é um absurdo, mas minha intenção é demonstrar aonde, quebrando o campo de pura racionalidade e os preconceitos, nossa imaginação pode nos levar.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O que trouxe, o século XV, para o mundo?

Até o início do século XV, o mundo vivia em uma sociedade feudal, isto é, uma sociedade essencialmente agrária com uma economia voltada para a subsistência. Essa sociedade surge com as invasões bárbaras ao Império Romano, o qual acabou por se fragmentar em vilas e estas, posteriormente, formaram os feudos (vale lembrar que os bárbaros, baseados no contato com essa nova cultura, também formaram estruturas feudais, com base no "Comitatus").
Esse clima foi amplamente favorável (obrigou) à formação dos feudos, pois os senhores tiveram de passar a defender a si mesmos com o alastramento bárbaro; os camponeses, precisando de proteção, se resguardavam nos feudos e trabalhavam, em troca disso, nas terras (por isso eram presos à terra, o que inclusive originou as "Jacqueries" posteriormente, camponeses que queriam ir para as cidades e se tornar homens livres), tendo um embasamento no sistema de "Colonato" (que surge em Roma; com a crise da expansão romana e o excesso latifundiário, os latifundiários acabm por arrendar suas terras para que o plebeu pobre possa trabalhar nela e o apgar com parte de sua produção) e a "Clientela" (também romano, quando o plebeu se dispunha a prestar serviços ao patrício em troca de proteção jurídica). O funcionamento da economia se baseava em camponeses que trabalhavam nas terras dominais (terras de onde toda a produção ia para o Senhor Feudal) para pagar a "Corvéia", "tinha" um lote para exploração onde metade da produção era para seu consumo e, a outra metade, para o Senhor Feudal, a chamada "Talha"; pagava pelo uso do moinho e ferramentas, "Banalidades", anualmente pagava uma taxa chamada "Capitação" e ainda era obrigado a pagar a "Herança" para "herdar" as terras do pai (uso "herdar" e "tinha" entre aspas porque essas terras pertenciam, oficialmente, ao Senhor Feudal.
Logo, o camponês sustenta a economia feudal, dá condições de defesa para a sociedade, realizada pelo Senhor Feudal. Os pedestais "Colonato", "Clientela" e "Comitatus" somados à situação criam uma sociedade de subsistência (o comércio surge posteriormente), apoiada economicamente no camponês, totalmente descentralizada (apesar da existência de um rei, este era impossibilitado de governar de forma abrangente pelo poder da igreja, única estrutura centralizada na época e que possuía o controle da cultura, e pelas relações de suseraniaa e vassalagem, onde o suserano criava um laço com o vassalo para aumentar seu exército e, este com aquele, por necessitar de terras ou camponeses; deve-se ver o rei como uma espécie de suserano-mor), de baixo nível de informação (conhecimento atrelado à igreja) e com um fraco comércio, que se torna crescente até seu fim.
Surge então, na Europa, um quadro de instabilidade trazido por uma mudança climática (baixas temperaturas e aumento na concentração de chuvas) que ocasiona fome, surge a "Peste Negra" e a "Guerra dos Cem Anos". Vale lembrar que, até aí, a europa passava por um crescimento populacional pelo desenvolvimento da agricultura e desaparecimento de boa parte das epidemias, o que permitiu acúmulo de produção, excedentes, que acabou por desenvolver o comércio.
Com essa crise, a Europa passa a necessitar de mais terras cultiváveis, população que possa produzir matéria prima e consumir produtos manufaturados. A solução seria a junção dos feudos em torno de um poder centralizado para realizar uma expansão territorial, busca por novas rotas de comércio (lembrar que o Mar Mediterrâneo está dominado pelos italianos, cobrando grandes impostos comerciais), é nesse contexto que surge a "Expansão Marítma".
A centralização do poder interessava aos burgueses por extingüir os pedágios que pagavam ao atravessar de um feudo ao outro com mercadorias (pedágio que já não existia em alguns locais pela formação das "Hansas", ligas de cidades comerciais), além de possibilitar um sistema único de comércio, que tornaria a prática mais justa. Estes, por sua vez, sustentariam o Estado Nacional, já que o comércio, a essa altura, já era a principal atividade econômica da época.
A nobreza, que já entrava em decadência por essa crise, via no apoio à formação do Estado Nacional uma forma de manter seus títulos e apanágios e, ao mesmo tempo, eram necessários para realizar a defesa do Estado Nacional, além de, pela tradição, sua opinião ter um enorme peso.
Mas ainda havia um problema na formação: a Igreja. A Igreja tinha uma influência enorme na sociedade já há mais de três séculos, mantendo-se em conflito com os reis (como na questão das "Investiduras", onde Henrique IV, imperador do Sacro-Império Romano Germânico, entra em choque com o papa Gregório VII; O papa dificultava a obtenção de cargos religiosos e boa parte do Sacro-Império Romano Germânico era composta por feudos religiosos. Assim, Henrique IV , com o apoio de bispos alemães, não aceita a decisão. Porém, com esse conflito entre poder da religião e dos reis, os imperadores alemães, em oposição aos bispos, apóiam o papa. Henrique IV, portanto, acaba derrotado e passa três dias implorando perdão ao papa; quando o perdão foi concedido, ele volta ao poder e invade a Itália, obrigando Gregório VII a se refugiar no sul) pelo poder; portanto, era claro que uma centralização e cedição de mais poder a um rei não teria o apoio da Igreja.
Para se entender a resolução desse impasse, devemos lembrar que passávamos pelo "Renascimento", movimento de resgate e renovação da cultura clássica (valores como o humanismo, antropocentrismo, individualismo, racionalismo e a presença de um espírito crítico). A escolástica tendo como principal nome São Tomás de Aquino (o qual se baseava nas idéia de Aristóteles), retira, em parte, o conflito entre fé e razão (em parte porque ele existe até hoje, mas em intensidade diferente), argumentando que ambas tem como busca o entendimento do homem perante o mundo, a vida, não havendo motivo para o conflito. Essa racionalidade se funde aos abusos (venda de indulgências, "tão logo tilintar a moeda, a alma ao céu sairá a voar") e a imoralidade da Igreja resulta nas "Reformas Protestantes" ("Calvinismo", "Luteranismo" e, complicado de citar por não ser um rompimento muito relacionado a esses fatores, mas mais por fatores internos ingleses, o "Anglicanismo"). A Igreja condenava a usura, o lucro, e isso era um atraso à economia da época, um conflito mental que acaba por se tornar incompatível com o momento (segundo a Igreja, o lucro estava relacionado com o tempo e este pertencia a Deus, logo, não se podia vender algo divino). Em oposição a isso, as doutrinas protestantes se encaixam no pensamento burguês, como o "Calvinismo", que exaltava o trabalho, a poupança, tinh auma visão de predestinação amplamente relacionada com a riqueza terrena.
Logo, para completar a formação dos Estados Nacionais, surge a solução de aderir às reformas protestantes e, em conseqüência dessas, com o surgimento da "Contra-Reforma Católica" (uma reação da Igreja Católica às reformas; as reformas surgiram na tentativa de revisar os dogmas da Igreja e, quando esta viu a situação se tornar insustentável, foi obrigada a fazê-lo. Apesar de manter preceitos como a infalibilidade papal e o celibato clerical, fez mudanças como a proibição da venda das indulgências, a criação da "Companhia de Jesus", do "Index" (Índice de livros proibidos) e a reaparição do "Tribunal da Santa Inquisição"), uma nova solução automática: a Igreja se vê obrigada a apoiar a formação dos Estados Nacionais para manter essas áreas como dominação católica e, através da mentalidade expansionista dos Estados Nacionais, expandir junto a fé cristã católica, ampliando sua área de influência.
Países como a França, Inglaterra e Suíça (onde se iniciou o Calvinismo) seguiram a "Reforma Protestante" e países como Portugal e Espanha se mantiveram ao lado da Igreja Católica.
Logo, chegamos ao fim da sociedade feudal e início da sociedade capitalista, com profundas mudanças em todos os aspectos da sociedade. A Igreja Católica já não mais domina a cultura e o saber, estando ele mais acessível (apesar de isso dar a impressão de uma Idade Média como Idade das Trevas, vale lembrar que as universidades surgem nessa Idade Média), o comércio substitui a agricultura como principal atividade econômica, desligando, portanto, aquela idéia de a terra representar a riqueza e eliminando a visão de uma economia de subsistência para uma economia baseada em excedentes para o comércio, o camponês deixa de estar preso à terra mas continua dependente, porém, ao invés de ser do Senhor Feudal, passa a ser da burguesia, vendendo sua força de trabalho; surge o proletariado (o conflito entre camponês e senhor feudal se transforma em conflito entre operário e burguesia).
Todo o contexto do mundo a partir da metade do século XV é possibilitado a partir dessas mudanças, que tornarão possível a expansão marítma, iniciada por Portugal e seguida pela Espanha, os dois Estados mais adiantados. Portugal vem primeiro pela Revolução de Avis: a morte de D. Fernando de Borgonha deixa o trono sem descendentes e gera uma disputa entre burgueses e nobres conservadores (buscavam reafirmar o feudalismo). Os burgueses vencem e consolidam o Estado Nacional Português, primeiro Estado Nacional formado. Por ser o primeiro Estado Nacional, já possuir uma cultura de pesca e comércio marítmo com o norte da África, era inevitável que os portugueses fossem os primeiros na expansão marítma.
Na expansão muçulmana, após a consolidação do Islamismo no século VII por Maomé, boa parte da Península Ibérica havia sido dominada por estes. Os europeus, impulsionados pelas "Cruzadas" (movimento para dominação de Jerusalém - terra sagrada - segundo a Igreja, mas claro que ia muito além disso: a Europa passava pela evolução agrícola, por uma diminuição de epidemias e pela instituição da chamada "Trégua de Deus" - onde a igreja impunha dias nos quais não era permitido guerrear - logo, havia um aumneto na população, não só de camponeses, mas nobres também e em quantidades maiores do que a amplitude de terras, acabando por inchar o exército; nesse mesmo período, como já foi citado, ocorria um aumento da atividade comercial. Logo, com as cruzadas, a Igreja conseguiria mais terras, expandiria as rotas comerciais, desincharia o exército, diminuiria a população em geral - famosa "Cruzada dos Mendigos" - e expandiria a fé católica. Provas desses interesses estão na quarta cruzada, que apenas saqueou Constantinopla, nem chegando a Jerusalém, e em lembrar que Jerusalém era uma importante cidade comercial. Vale citar a terceira cruzada como a mais marcante de todas pela sua violência, tendo nomes como Ricardo Coração de Leão e Barbaruiva), iniciam as chamadas "Guerras de Reconquista", com o objetivo de expulsar os muçulmanos da Península Ibérica. Essas guerras formam os reinos de Castela e Aragão que, com o casamento de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, acabaram se unificando e formando o Estado Nacional Espanhol. Essas questões atrasaram um pouco a Espanha em relação a Portugal, mas a adiantaram em relação a outros países.
Inicia-se, então, o processo que aprofundará as mudanças em todos os aspectos da sociedade no mundo todo: as "Expansões Marítmas".

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Rolling Stones - You can't always get what you want


I saw her today at the reception
A glass of wine in her hand.
I knew she was gonna meet her connection,
At her feet was a footloose man.
.
And you can't always get what you want,
Honey, you can't always get what you want.
You can't always get what you want
But if you try sometimes, yeah,
You just might find you get what you need!
.
I went down to the demonstration
To get our fair share of abuse,
Singing, "We gonna vent our frustration."
If we don't we're gonna blow a fifty amp fuse.
.
So, I went to the Chelsea Drugstore
To get your prescription filled.
I was standing in line with my friend, Mr. Jimmy.
And man, did he look pretty ill.
.
We decided that we would have a soda,
My favorite flavour was cherry red.
I sing this song to my friend, Jimmy,
And he said one word to me and that was "dead."
And I said to him
.
And you can't always get what you want, honey.
You can't always get what you want.
You can't always get what you want.
But if you try sometimes, yeah,
You just might find you get what you need!
.
I saw her today at the reception.
In her glass was a bleeding man.
She was practiced at the art of deception;
I could tell by her blood-stained hands.
.
And you can't always get what you want, honey.
You can't always get what you want.
You can't always get what you want,
But if you try sometimes, yeah,
You just might find you get what you need!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Todo mundo reflete demais durante o almoço

Todo mundo reflete demais durante o almoço, isso é um fato incontestável, uma das poucas regras sem exceção. Nao importa se ele dura cinco minutos ou uma hora, mas todos fazem. Mas não se pensa em coisas complexas ou inteligentes - ninguém busca a teoria da relatividade enquanto mastiga um frango - mas sim pensamentos íntimos, pessoais, variados. Por exemplo, uma pessoa pensa em como foi sua manhã, naquele diálogo de dez segundos com determinada pessoa, em que via fazer à tarde e como o fará; pensa em uma brincadeira que gostava ao ver uma criança tentando partir uma carne; pensa em sua família desde pequeno até hoje, sua interação com ela e nas semelhanças e diferenças deixadas/trazidas pelo tempo; pensa em como está sua vida em geral, se seus sonhos estão caminhando ou se existe algum sonho, se está onde queria e deveria estar e se é quem desejava ser. Por isso o velho conceito de almoço em família ou com amigos é absurdo (apesar de muitas vezes, apesar de estarem rodeados de pessoas, todos estão calados à mesa fazendo exatamente isso), todos deveriam almoçar sozinhos, conversando com suas próprias cabeças.
Acontece que hoje, enqunato almoçava, chegou uma menina qu econheço de vista desde Varginha e que se mudou coincidentemente para Juiz de Fora como eu. Inicialmente, nem a dei atenção; apesar de ter ouvido divergentes opiniões sobre ela (desde fútil alienada à inteligentíssima engajada), sempre fui muito precipitado em julgar as pessoas e confiei mais em minha opinião, por mais que eu não tivesse embasamento nenhum para contruí-la.
Já ia abaixando a cabeça e ignorando sua presença quando meus olhos passaram por seus pés e notei que ela usava um all star. Tenho toda certeza do mundo que ela nao tinha nenhum até pouco tempo.
Para explicar aonde quero chegar, terei de fazer uma pequena retrospectiva. Até o ano de 2005, quando eu não compreendia bem o significado de um all star, eu odiava o tênis de todas as maneiras possíveis, por estar passando pelo auge do "Blink 182" e várias pessoas (usuários do tênis) se julgarem rockeiros por conhecerem quatro ou cinco músicas do "Blink" e usarem esse tênis (nada contra a banda Blink 182, nem contra o pop em geral, gosto de diversas bandas do pop como o próprio Blink 182 e Bowling for Soup, apesar de não ser meu estilo, mas imagino que minha raiva na época se assemelhe à raiva que sentem, atualmente, os verdadeiros apreciadores de música eletrônica). Em 2005 passei a ser atraído pelo "Grunge" (Bandas como "Nirvana" e "Pearl Jam") e pelo "Punk Rock" (Fase antiga do Green Day, Ramones, The Clash, Rancid) e acabei comprando meu primeiro all star (Ao qual dou o nome de Jim; sim, eu dou nome aos meus all stars). Nesse ano compreendi o real significado do tênis (não vou explicar para não fugir mais excessivamente do tema do que já o fiz) e até hoje venho o usando. Acontece que em Varginha o tênis se tornou insuportável à maioria das pessoas e alvo de preconceituos ridículos (coisas que mais me incentivaram a usá-lo), sendo, portanto, usado por poucas pessoas.
Quando cheguei em Juiz de Fora, assustei-me ao entrar no edifício mais burguês da instituição de ensino mais burguesa da cidade , um âmbito de atração a alienados, e notar que a maioria das pessoas tinha pelo menos um all star. Mas foi um susto positivo à princípio, me senti como se em breve fosse estar em casa. Com o tempo, comecei a notar que estava enganado e havia uma padronização inclusive nos all stars e as pessoas não eram tão diferentes quanto eu imaginava; tive até uma discussão com um amigo, defendendo que quem possuía determinado tipo de all star não o usava por seu significado, mas por ter sido inserido na padronização dessa classe de pessoas, enquanto os que usavam outros tipos de all star mantinham em mente o que ele representava.
Aí entra o meu pensamento ao ver que a garota, que não usava all stars em Varginha, havia comprado um idêntico ao padrão de Juiz de Fora. Se fosse um dia comum ou qualquer outro momento do dia, simplesmente pensaria "Ahá, eu estava certo", mas percebi que talvez não estivesse, só fosse pessimista demais; acho que, apesar de toda tendência a piorar, o mundo talvez caminhe para uma explosão: as pessoas estão se soltando aos poucos até o momento em que vão olhar uma à outra e dizer "então esse é você e você também estava se escondendo? Então é isos um pouco do gosto da liberdade? Como éramos ridículos em nossas máscasras." e talvez Juiz de Fora tenha simplesmente servido como libertação pra menina: nem todos nascem para liderar, mas alguns devem ser fortes o suficiente pra pelo menos seguirem os líderes na hora certa. Hoje é o dia em que eu, a pessoa mais pessimista e desacreditada do universo, em um momento propício à descrença e pessimismo, acreditei e fui otimista.
Talvez seja a primeira e última vez que manifesto algo esperançoso, mas talvez realmente haja uma esperança. Hoje senti novamente o ímpeto de sair do meu casulo e voltar a lutar; se essa esperança existe, devemos lutar para que ela nao seja mais uma esperança, mas algo concreto.