terça-feira, 14 de outubro de 2008

Pensamentos soltos..

Tudo o que ouço em minha cabeça é um grito constante e a solidão, mais pura e cortante que nunca.
Às vezes eu acho que a conheço melhor que qualquer um; danem-se os consagrados músicos e poetas. Eu, um insignificante varginhense, sou o que a melhor conhece e conheceu de todos os tempos. Sou o único que a percebo, a dou atenção e a alimento a todo instante, como um animal de estimação, ou melhor dizendo, uma fera que deve ser bem tratada para que não se enfureça e te devore.
Sei bem como ela é um falso amigo, aquele que você sente saudades quando se distancia, quando reaproxima, se reconforta por pouco tempo e logo vê que o idealizou esse tempo todo, mas que ele não traz nada de bom pra você. Modéstia à parte, o que a solidão me traz são os poemas que escrevo para você, as músicas para te reconfortarem e acompanharem nos momentos que você viveu e eu não. Às vezes eu escrevo algo e só passo a entendê-lo muito depois, e uma frase que, a cada dia que passa, eu a entendo melhor, é "(...) O artista deve ser triste para que as outras pessoas sejam felizes". É incrível como podemos estudar, ler e nos informar o tempo todo quando, na verdade, a resposta pra tudo nasceu dentro de nós e está guardada na ponta de um lápis mordido e mal apontado, assim como, às vezes, o melhor dos livros já passou pela mão de milhares de pessoas e espera para ser jogado no lixo em algum sebo, e não possui uma linda capa e está em alguma livraria enorme por aí.
E é esse o melhor e o pior momento do meu dia, a noite, o meu caderno, a minha cama. Ah, que coisa antagônica é a solidão!
Às vezes posso não estar nem um pouco cansado e ela não vem me visitar, então, é deitar e dormir. Mas acho que quanto mais você pensa, mais você se cansa e mais você a atrai, e é naqueles dias que você deita sem conseguir sentir seu corpo que ela vem te visitar, rouba seu sono e coloca em seu lugar lembranças e pensamentos.
Fecho os olhos e me lembro de estar em outra cama pela qual passei, deitado pensando no que aconteceu naquele dia, por que estava ali e como era bom (ou ruim). Acho que é por andar sem ter o que pensar sobre minha vida e meu dia que tenho de recorrer ao passado e tentar subverter a memória em esperança de repetição, o que nunca acontece; sempre se converte em agonia e desespero por estar parado aqui sem nada acontecendo ou por acontecer.
Um dia desses preciso pôr minha mochila nas costas e sair por aí de novo.
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"(...) A solidão é contar estrelas
sozinho ao meio-dia
enchendo de perguntas
a vida vazia (...)"
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E cá estou eu, e lá se vai mais uma insônia no 204 para a minha contagem.