sexta-feira, 20 de novembro de 2009

(...)

De que me adianta tentar escrever neste papel
Se sentimentos não podem ser descritos?
Muito menos deve-se tentá-lo fazer
Sinta-os, e só

Em uma balança de qualidades e defeitos
Os sentimentos nos mostram a beleza
Independentes, o que os mantém vivos
Fugitivos do mundo no qual foram criados

Aos versos mais brancos e livres
Os sentimentos atribuem sentido
Miteriosos, como olhos desconhecidos
Carregando, em suas entrelinhas, o prazer da dúvida

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Itacoatiara



Buraco na cortina
Transparece o sol
Tecido rasgado
Transparece o estofado
Brilho na saliva
Transparece a loucura
Vazio da alma
Transparece no olhar

Barraco de tijolos
Desnudos, expostos
O chão é o próprio solo
Lágrimas de água do mar
O teto são estrelas
Cabeça regada ao luar
Casa velha desmorona
Transparece alguém a sonhar

Sonhos, sonhos
Trabalhar, trabalhar
Risca na madeira podre
Sua vontade de gritar
Suado, acorda à noite
Beber leite, talvez um cigarro fumar
A fumaça transparece
Alguém que se põe a cantar

É só o princípio do fim
Dia-a-dia que corrói o ser
Lembrou seu pai, vida idêntica
Pediu a Deus para não crescer
Mais uma prece oca
Não atendida pelo vento
Transparece, em sua caligrafia torta,
Sua vontade de morrer

Mas ele não sabe disto
A chuva ofusca tudo
Mudo, se põe a pensar:
Fim de semana ganho um beijo
Que mate meu desejo
Do sal ardente do mar
Na vida, o sonho flutua
Itacoatiara, nada é pesar

(...)

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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

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domingo, 8 de novembro de 2009

Futebol: manifestação cultural ou bem de consumo?

Duas coisas devem ficar bem claras antes de qualquer crítica vinda de mim:
Sou palmeirense, torço pra um time paulista que sempre foi favorecido pela mídia em sua história; estou em posição de lançar qualquer crítica sobre o caráter de mercadoria que assume o futebol? Talvez.
Devemos, acima de tudo, ter clara a idéia de que a Mídia e o Futebol são estruturas administrativas separadas, apesar de toda interdependência, de forma que a administração do Futebol Brasileiro não pode controlar o poder de modelar o esporte que a mídia possui (basta lembrar que a mídia não é, por exemplo, um critério de qualidade musical, mas influencia na música de forma direta sem que a música tenha o que fazer para frustrar esse controle, podendo no máximo buscar ferramentas alternativas a ele). Seria muito mais coerente, sem dúvidas, porém, que um torcedor do Vitória, Sport ou Cruzeiro fizesse aqui esta crítica.
Mas o que há de possível para que se evite que a justiça se perca completamente no futebol? É óbvio e até desnecessário e engraçado que eu inclua aqui (porém, mais necessário do que aparenta ser): o aparelho que regula a justiça futebolística: CBF, STJD.
Estou aqui desmerecendo o time do Fluminense? Há dez rodadas digo que o Fluminense está jogando excelentemente bem e defendo suas chances de escapar do rebaixamento (escapatória pela qual torço assim como torci pelo Vasco no ano passado; acho que acima de tudo, devemos torcer pela grandeza do futebol), além de tudo, o Fluminense é um time carioca que tenho uma enorme simpatia, a torcida mais bonita que vi pessoalmente (Nas quartas-de-final, contra o Corinthians - claro que não sirvo de critério, por ter visto poucos jogos no Maracanã) e uma torcida que realmente tem presença marcante nos momentos de necessidade de seu time.
Estou aqui desmerecendo o time do Palmeiras? Excetuando o Vagner Love, jogador que venho criticando antes mesmo de voltar ao Palmeiras, me orgulho e muito do elenco de meu time (crises são normais em todos os campeões brasileiros).

De que se trata esse texto, afinal?
Da justiça esportiva no Brasil. Será que ainda existe um critério?
Vagner Love foi expulso no jogo contra o Santo André em uma falta que, na minha opinião, não era nem pra amarelo. Foi denunciado e eu concordo com o STJD: o critério utilizado foi a opinião do árbitro dentro de campo, ignorando as conclusões posteriores sobre a real presença de violência desnecessária ou não. Foi suspenso e, até aí, com minha concordância
Mas se o critério é esse, como é que funciona denunciar o Danilo por conclusões posteriores (cartão amarelo no jogo contra o Corinthians) e não pela opinião do árbitro? O futebol se decide dentro ou fora de campo? Vamos criar um critério pra isso? Uma justiça mais racional? O fato é que fica a dúvida se o Danilo vai ser suspenso ou não: já não sei, porque com a derrota contra o Fluminense essa suspensão pode se tornar "desnecessária". Mas vamos ainda além; se as conclusões posteriores são aceitas, por que não validar o gol do Obina contra o Fluminense hoje? Afinal de contas, ficou claro que o Simon, mais uma vez, errou.
"O Simon mais uma vez errou"? É, sim. Apesar de o Rogério Ceni dizer que o Símon sempre prejudica o São Paulo, alguém lembra qual jogo tirou o Palmeiras da disputa do título ano passado? Acho que eu lembro: o Jogo contra o Grêmio, apitado pelo Símon. Aquele que o Grêmio segurou o jogo em faltas desde o princípio e o Simon atribuiu dois cartões amarelos já no fim do segundo tempo; aquele, em que assisti à atitude mais bonita de minha vida (goleiro Marcos, aos 30 do segundo tempo, já correndo pra área e buscando fazer o gol, mostrando por que é o maior ídolo da história do futebol brasileiro), apesar de a beleza da raça do santo ser incoerente com a sapiência do árbitro.
Mas espere aí, ir além disso? Então vamos: A Justiça desportiva deixa bem claro que não tolera que questões relacionadas ao futebol sejam resolvidas na Justiça comum, mas deixa nossos árbitros totalmente vulneráveis? Quer dizer então que o Rogério Ceni pode ser expulso no jogo contra o Santos e difamar publicamente o Simon, que o STJD não tomará partido nenhum do caso? Quer dizer então que o esportista deixa de ter Direitos Civis pra entrar no futebol?
Ou será que não? Ou será que o Obina teria sido punido hoje, se saísse de campo crucificando o Simon (em uma situação em que ele realmente merecia)?
Não vou além e citar a Mala Branca que acabou por tirar os dois principais jogadores do Barueri apenas no confronto com o São Paulo (Val Baiano e Renê), porque esse é o assunto menos importante e o que a mídia, a mesma que favorece o eixo Rio-São Paulo, mais polemizou (apesar de todos nós, com exceção do Rogério Ceni - que é muito sábio, por sinal - achar o lance um pouco estranho).

Finalizarei dizendo que o futebol tende, mesmo, a cada vez mais funcionar menos como Manifestação Cultural e mais como Bem de Consumo, a não ser que nós nunca abandonemos nosso time e a cultura do mesmo. Com ou sem título, com ou sem justiça, o amor por meu time ficará sempre inalterado.

PALMEIRAS, SEMPRE!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Epitáfio

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Passo a passo, do fim ao início.
Mergulhar além da superfície.

Vivo em seis cômodos vazios
E, por isso, sei melhor que ninguém:

Sentimentos são foneticamente diferentes
E invariavelmente dolorosos.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Lupus Eritematoso Sistêmico

Hoje descobri a felicidade nos detalhes
Nas cores das pernas desnudas
No cheiro putrefato dos açougues
Nos riscos da lâmina fina e afiada de uma navalha

Lágrimas são menos salgadas se você sorri
Mais quentes se você sonha
Duras, se você ama
Vazias, se você é humano

Me afogo em Lá Menor
Os acordes tapam meus ouvidos
Minha voz emudece minha razão
A melodia transforma meus sentimentos

Este cadáver, mais vivo que a vida

A música acaba e já não mais sou mudo
Meus pensamentos voltam, devoram meu ser
Aqueles, que deveriam construir
Que vêm do passado volumoso, do presente escuro, do futuro vazio

Bocas se voltam contra mim, no interior de minha pele
Me mastigam e gritam tudo o que sou
A mim, não resta o que dizer
Eles estão certos, isto é tudo

Este tudo que a vida tem a oferecer
Este nada em que se torna no meu interior
Esta dor na alma (alma que já não acredito ter)
Canibalismo

Hipocondria e aversão a remédios
Uma bailarina sem palco
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio

Quero ser encontrado morto em meu quarto
Corpo nu no chão empoeirado
Sem móveis, sem papel
Sem letras, sem dinheiro
Com um blues de pano de fundo
(Ou melhor, sem música)

Este cadáver, mais morto que a morte

domingo, 1 de novembro de 2009

Visão geral

Cara, preciso de umas férias de seis meses, em uma praia de nudismo, com a Fernanda Machado e uma caixa de Midazolam.
Enfim, não ando postando por, como sempre, ter deixado o que não me interessa - e, ao mesmo tempo, me é essencial - pra última hora, o que anda ocupando meu tempo, apesar de, como sempre, passar a maior parte do dia olhando pela janela sem fazer nada.
Pretendo postar, quando tiver mais folgado pra detalhes, o livro ("Silêncio") explicando poema por poema (mas algo me diz que nunca terei paciência pra fazer isso, então pode acontecer de eu só postá-lo sem explicar nada também). A maioria dos poemas estão no Blog, por isso não tô me apressando em colocar aqui.
Também criei um twitter (www.twitter.com/marceloriceputi), que pretendo usar concomitantemente ao blog.

Acho que isso é tudo. Abraços e se cuidem.