quinta-feira, 18 de junho de 2009

Search for me in 1968










"(...) Only a phase, these dark cafe days"

segunda-feira, 15 de junho de 2009

(...)

O que busca, então? Se quando se encontra em seu quarto, passa os dias esperando que o medo, a aventura, o desconhecido venha à sua porta; mas quando sai de casa, toca as ruas escuras da cidade, sente o pêlo arrepiar ao novo, corre e se esconde no velho, na memória de quando tinha a coragem de presenciar o novo. Quanto mais novidades, maior o medo, maior o pudor; ele chega a um ponto onde o novo está em sua memória, mas ele não se lembra do principal: a sensação de se encontrar com ele e encará-lo, prefere visualizar o antigo sem conseguir senti-lo.
Vida medíocre, passar sua vida reproduzindo sensações de sua vida passada em um papel, todas em várias situações diferentes, por não conseguir sair de casa e se arriscar novamente. Vida medíocre, que se passa em sua cabeça, no vôo de seu pensamento, que corre pela janela de seu quarto sem carregar consigo seu corpo, vai até a lua e a toca com sua mão invisível; mas ele só pode imaginar qual é a sensação que ela causa. Corre a vista por todos os livros e lê sobre as pessoas que pararam exatamente onde ele parou, se confortando por alguns serem mais inteligentes e descreverem de forma mais interessante e vívida algo que não lhe soa como novo, mas que o faz deitar a cabeça no travesseiro e pensar que, apesar de belo, não acrescentou nada ao seu dia, ao seu ano, à sua vida.
Onde há uma luz acesa? Não há, as pessoas são felizes, elas são ignorantes e ousadas, não ligam para as conseqüências perante a elas ou às outras pessoas, simplesmente agem sem pensar. Sensação estranha essa, sentar em um bar com vários amigos e esperar como se estivesse sozinho e alguma pessoa de verdade, com um diálogo natural e próprio, fosse aparecer e mudar as coisas, e soprar nele a vida por alguns segundos. Mas isso não vai acontecer, o novo se esconde dele nas coisas mais simples que ele já não tem mais paciência para observar, no olhar ingênuo ou na palavra simples e honesta; no mero dó maior ou na letra de rimas pobres e sem métrica; na rua mais suja ou no mendigo mais bêbado. Não está na ponta do cigarro que cai em seu quarto nem no copo sujo de bebida de ontem que o lembra de sua ressaca, mas na lembrança de sua mãe que estaria chorando ao vê-lo fazer isso ou na garota que ele deixou pra trás por não saber fazê-la feliz.
Aquelas saias levantadas, aquelas bocas fartas e aqueles belos companheiros com quem se embebedava e inventava um sentido pra tudo já não vão mais satisfazê-lo; com o tempo, a pele enruga, o cérebro enjoa, o sentimento exige, o mundo pesa, o novo corre e se esconde.
A tristeza é o velho a ver o nascer do sol.

sábado, 6 de junho de 2009

(...)

O amor é belo e frágil, como uma rosa
assim como o sempre.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Devaneio

Quero teu sangue quente em minha farta boca
Na raiva, te sinto amor
Na paixão, te sinto ódio
No inverno, desejo teu calor

Quero tua flecha afiada em meu peito
Em cada sonho, uma outra qualquer
Meu cheio se preenche com teu vazio
Em teu pudor, te vejo mulher

Quero cheirar teu corpo e vomitar desejo
Em teu sexo, recitar a canção de meus lábios
Em teu tesão, sinto desprezo
Em tuas carícias, me ponho a sonhar

Quero sentir teu beijo de boca torta
Dentro do teu peito, entrar em tua
dança de menina morta
E, farto do tédio, em teu seio adormecer

Em teu corpo, vejo teu rosto
Em teu rosto, vejo teus olhos
Em teus olhos, vejo tua alma
Em tua alma, te quero matar