sábado, 26 de novembro de 2011

Última noite branca

Última noite em St. Petersburg. Amanhã (27/11/2011), às 11:53, vou de trem para Moscow, uma viagem de 10 horas sentado, porque não tive grana pra comprar outra passagem com cama. Tenho 1300 rublos no bolso (um real equivale a quinze rublos). Pego um avião de Moscow para Paris às 20h do dia 28/11/2011 e, até lá, tenho de ficar andando pela rua, porque não tenho grana pra ficar em lugar nenhum também. Minhas botas, que comprei na semana passada, estão mais velhas do que muitos de vocês. Chegando a Paris, tenho duas horas para pegar outro vôo pro RJ, o que significa que, se algum desses horários atrasarem, eu estarei fodido. Chegando ao RJ, pego um ônibus do aeroporto pra rodoviária e fico esperando mais uma vez por um ônibus pra Juiz de Fora. Como não vou dormir absolutamente nada por dois dias, era pra eu estar dormindo agora (a madrugada já iniciou aqui), mas como era de se esperar, não consigo dormir.

Mas a única coisa que me incomoda é que ainda posso ser encontrado no mapa.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pesadelos

Os pesadelos nunca deixarão que você se esqueça da insanidade, como cicatrizes.

Um dia um homem casado, com sua vida feita, após beijar seus filhos e sua mulher e deitar-se, acordará de madrugada, com o corpo completamente suado, e não se dará ao trabalho de acordar sua esposa, por saber que será um incômodo em vão.

Assim como um empresário bem sucedido, após um dia muito produtivo, em sua cama solitária, acordará assustado, no escuro, e tentará se concentrar e dormir para seu atarefado dia seguinte.

Um padre, a despeito de toda sua dedicação, acordará lembrando-se de que seu interior questiona sua própria fé, ao redor da qual gira sua vida.

Um mendigo, deitado em qualquer lugar coberto de uma calçada, enrolado em um velho cobertor, acordará sem compreender como o interior de sua mente pode assombrá-lo mais do que o próprio mundo.

Há algo que une a existência de todas as pessoas que sentem o mundo. E por mais que se tente ignorá-lo, é impossível deixar de senti-lo. Há uma razão pela qual nenhum corpo se encaixe naturalmente ao seu, e é em vão qualquer esforço para tentar explicar a solidão. Algumas pessoas estão fadadas a ela e terão de aprender a lidar com sua convivência, sem qualquer explicação.



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Sábado viajarei para Amsterdam e, posteriormente, Moscou e São Petersburgo. Se não encontrar inspiração na viagem, vou deletar este blog e desistir de escrever. Honestamente, estou cansado.