segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Lupus Eritematoso Sistêmico

Hoje descobri a felicidade nos detalhes
Nas cores das pernas desnudas
No cheiro putrefato dos açougues
Nos riscos da lâmina fina e afiada de uma navalha

Lágrimas são menos salgadas se você sorri
Mais quentes se você sonha
Duras, se você ama
Vazias, se você é humano

Me afogo em Lá Menor
Os acordes tapam meus ouvidos
Minha voz emudece minha razão
A melodia transforma meus sentimentos

Este cadáver, mais vivo que a vida

A música acaba e já não mais sou mudo
Meus pensamentos voltam, devoram meu ser
Aqueles, que deveriam construir
Que vêm do passado volumoso, do presente escuro, do futuro vazio

Bocas se voltam contra mim, no interior de minha pele
Me mastigam e gritam tudo o que sou
A mim, não resta o que dizer
Eles estão certos, isto é tudo

Este tudo que a vida tem a oferecer
Este nada em que se torna no meu interior
Esta dor na alma (alma que já não acredito ter)
Canibalismo

Hipocondria e aversão a remédios
Uma bailarina sem palco
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio

Quero ser encontrado morto em meu quarto
Corpo nu no chão empoeirado
Sem móveis, sem papel
Sem letras, sem dinheiro
Com um blues de pano de fundo
(Ou melhor, sem música)

Este cadáver, mais morto que a morte