terça-feira, 21 de outubro de 2008

O imperialismo e o neocolonialismo

No século XIX o capitalismo assume um novo contexto; a concorrência tão evitada (Inglaterra tenta impedir a concretização do pensamento liberal francês financiando os países absolutistas contra a Revolução Francesa, tenta impedir a independência das treze colônias, a França entra em guerra contra a Prússia e Sardenha-Piemonte para evitar a unificação e formação dos países Itália e Alemanha) surge com a formação dos Estados Unidos, que impões domínio sobre a América através da Doutrina Monroe e do Big Stick Police; a França, que havia sido dominada com o pensamento burguês, o Japão, que passa por uma transição atrasada do Sistema Feudal para uma unidade política que facilitava a arrecadação de subsídios para uma industrialização, a unificação italiana e alemã.
Logo, cada Estado procurou assegurar seu território como mercado consumidor próprio (na América, a origem da dependência tomando formato eterno está aí, pois os estado-unidenses procuraram subjugá-los e, de certa forma, pará-los no tempo, pois, com seus mercados consumidores consumindo produtos estrangeiros - muitos ingleses, no caso brasileiro, lembrar do Tratado de Comércio e Navegação e Aliança e Amizade - a industrialização nacional não se desenvolveu).
O mundo passava pela Segunda fase da Revolução Industrial, com ela se espalhando para vários países, como supracitado, tendo a produção se tornado mais eficiente com o surgimento do petróleo como matriz energética, a eletricidade e a aplicação de modelos de produção como o Taylorismo e o Fordismo.
Lembre-se também que em meados do século XIX surge o nacionalismo como expressão do direito de liberdade de um povo através de um governo próprio, e que este evoluirá para um sentimento extremista de ufanismo, o que limitará ainda mais o mercado consumidor de um país a ele próprio.
Com a grande mudança na forma de produção, empresas que cresceram mais passam a dominar determinadas áreas produtivas, tendo o capitalismo concorrencial não chegado ao fim, mas chegado onde tendia a chegar, com o monopólio de determinadas empresas, o capitalismo monopolista. Surgem os holdings, cartéis e trustes; formas de empresas maiores monopolisarem o mercado e excluírem empresas menores, "engolindo-as".
Com esse fechamento de mercado pelo alastramento da industrialização e a limitação do mercado na América, os olhos europeus se voltam para a África e Ásia.
Os países europeus iniciam o neocolonialismo e, se antes a África só era ocupada por europeus em Guiné, Moçambique e Angola pelos portugueses desde o período de expansão marítma no século XVI, agora a África e Ásia têm seus territórios repartidos entre os países centrais europeus.
O neocolonialismo era o complemento que estabilizava a economia industrial dos países europeus: com ele, possuíam novamente um amplo mercado consumidor, um fornecedor "estável" (ao menos a princípio) de matéria-prima.
Além disso, deve-se lembrar que toda essa evolução capitalista se baseou principalmente em uma intensificação na exploração do proletariado (a qual já era intensa) e isso acabou por gerar movimentos como o cartismo, na Inglaterra, que fazia reinvidicações operárias como limitação na carga horária, fim do trabalho infantil, salário mínimo, além de o direito de interferência política com o sufrágio universal. Surgem as trade-unions, que darão origem ao sindicalismo, o ideal operário começa a tomar forma e se basear em revoltas anteriores como a Conspiração dos Iguais, de Graco Babeuf, na Revolução Francesa. Surge, então, o ideal comunista e as doutrinas sociais, métodos através dos quais se chegaria ao Comunismo: Socialismo Utópico (Robert Owen, falanstérios), Socialismo Científico (Friedrich Engels, Karl Marx), Anarquismo (Bakhunin).
Assim, com o acirramento dessas revoltas e o acúmulo de capital, os empresários passam também a investir nessas colônias e mandar trabalhadores para elas, aliviando o exército industrial de reserva e, concedendo conquistas aos operários, amenizando esses ideais e acomodando os operários, tornando o sonho do Comunismo cada vez mais distante (claro que é um processo realmente gradativo, que vem acontecento até os dias de hoje).
Porém, as nações industrializadas começam a acomodar e abusar na exploração, surgindo, nessas colônias, revoltas.
A Inglaterra tinha na Índia um controle total, cobrando impostos, vendendo suas mercadorias e controlando os cipaios, tropas nativas. Quem cuidava da cobrança de impostos era a Companhia das Índias Orientais (a mesma que realizava o comércio do chá da Lei do Chá na América, uma das leis restritivas, do período de treze colônias, no pós-Guerra dos Sete Anos). Porém, os cipaios descobriram que os ingleses utilizavam em seus materiais couro de vaca (animal sagrado nesse país) e a Inglaterra aprofundou o controle sobre a cobrança de impostos, surgindo a Revolta dos Cipaios, que foi duramente reprimida e serviu de pretexto para a tomada de poder político na Índia por parte da Inglaterra.
Na China, surge a Guerra do Ópio, pela qual a Inglaterra tomou Hong-Kong (que só voltou a ser domínio Chinês no século XX) e, em seguida, teve seu território repartido entre potências industriais como França, Alemanha, Rússia e Estados Unidos. Essa dominação abusiva gerou a Guerra dos Boxers, que tentou expulsar esses países, mas foi duramente reprimida por uma coligação deles.
Vale perceber, nesse contexto, que a reforma agrária foi essencial para países pobres com grande concentração fundiária, como a França e o Japão, países que protegeram seus mercados, investiram em sua industrialização e realizaram a reforma agrária, dando assim, um salto de países prejudicados para potências mundiais. Países como o Brasil, que não conseguiu (e nem tentou na maior parte do tempo) proteger seu mercado nem realizar a reforma agrária continuaram pobres; portanto, a reforma agrária foi e continua sendo um passo essencial para o desenvolvimento de um país.
É importante também perceber que a unificação tardia italiana e alemã prejudicou muito esses países na disputa da neocolonização, principal motivo gerador da Primeira Guerra Mundial.
A Itália e Alemanha também desenvolveram laços por se unirem na luta pela unificação (Prúsia e Sardenha-Piemonte) que se aplicararão na Segunda Guerra Mundial (não por amizade, mas por passarem por um processo de formação e pós-formação muito semelhantes, gerando uma confluência política (tanto em parte da Primeira Guerra como em toda a Segunda).