sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

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Seu sufismo não fazia sentido. Seu caminho e seu consolo eram a dor, o ódio, a misantropia, o egocentrismo. Era um sufista ateu.
Se Deus não existisse, nada do que ele via teria sentido; se Deus existisse, nada teria sentido de qualquer forma. Ainda assim, acreditava encontrar o sentido de tudo.
Sua função de dar às pessoas o que as falta através de todos os livros que nunca conseguira escrever não era sustentada por qualquer motivo racional, mas ele sentia seu peso e, à noite, quando seus ombros gritavam, era mais real que qualquer lei do universo. Bêbado, assistia a si mesmo demonstrar toda infalibilidade de sua idéia sem se compreender; estava certo, nunca errava.
Quando via sua mulher sofrer, queria vomitar sua "doença" (não a considerava patológica, mas se referia a ela dessa forma em seus pensamentos, sem saber ou procurar saber por quê), via que não era mais apenas ele que abria mão de sua vida pela verdade do mundo. Nunca deveria ter se casado.
Era a pessoa mais racional e também a mais emotiva do mundo.
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Este trecho foi retirado de um livro que estou escrevendo. Ainda é um esboço, podendo ser modificado posteriormente.