quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Presente

http://www.youtube.com/watch?v=zH8-lQ9CeyI

Antes fechava os olhos em alívio de saber que estava certo. Depois, fechava os olhos em lamentação por saber que estava errado. Hoje, fecho os olhos por não saber distinguir as direções.

O Hoje e o amanhã são como duas casas que dividem a mesma parede como fundação.
Alguém que vive o agora nunca pode vislumbrar o futuro para ser feliz. Olhando para frente notamos que o presente é inútil, que todos os erros são meros fatos cômicos desde que tudo dê certo, que todo deslize é fatal se tudo dá errado. Notamos que, em algum ponto, nossos sonhos se transformam em ruínas e nosso presente nos consome.

E eu, que sempre sonhei em ser escritor,
Vejo hoje que meu lápis era uma faca e meu papel era meu próprio corpo.
E que as marcas mais permanentes são as que provocamos em nós mesmos.

E eu, que sempre sonhei em escritor, já não posso mais dar aos meus textos um fim.

E a mim, que sempre me julguei tão forte, resta apenas a beleza do horizonte formado pelo que não se identifica.
Cegando-me ao futuro, vejo qualquer possibilidade.
Aprendo a confiar na sorte.
E passo a admirar o acaso.


Marcelo Riceputi