sábado, 29 de setembro de 2007
Que a pena não quer escrever.
No entanto, ele está cá dentro
Inquieto e vivo."
Carlos Drummond de Andrade.
É impressionante a capacidade de Carlos Drummond de me traduzir, percebo isso a cada simples poema que leio, nesse ele inclusive traduz um sentimento perturbador e frustrante que eu tenho, quando às vezes quero escrever, sei o que quero escrever, como se algo estivesse preso em minha garganta, mas simplesmente não sei como passar o que sinto para o papel.
Às vezes me pergunto se sou apenas um sentimental sem talentos poéticos, ou se sou um poeta sem sentimentos.
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Engenheiros do Hawaii


Engenheiros do Hawaii - Crônica
Já não passa nenhum carro por aqui
Jã não passa nenhum filme na TV
Você que enrola outro cigarro por aí
E não dá bola pro que vai acontecer
Mais um pouco mais um século termina
Mais um louco pede troco na esquina
Tudo isso já faz parte da rotina
E a rotina já faz parte de você
Que tem idéias tao modernas
É o mesmo homem que vivia nas cavernas
Você que tem idéias tao modernas
É o mesmo homem que vivia nas cavernas
Todo mundo já tomou a coca-cola
E a coca-cola já tomou conta da China
Todo cara luta por uma menina
E a Palestina luta pra sobreviver
E a cidade cada vez mais violenta
Tipo Chicago nos anos 40
E voce cada vez mais violento
No seu apartamento ninguém fala com você
Que tem idéias tao modernas
É o mesmo homem que vivia nas cavernas
Você que tem idéias tao modernas...
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Abraços, Marceleza
domingo, 19 de agosto de 2007
terça-feira, 14 de agosto de 2007
Eternamente só
Como em um barco em pleno oceano;
Um oceano de pessoas, um oceano de vazio,
Um vazio repleto da ausência da esperança.
E só novamente eu estou,
Em um livro sem final, um livro sem palavras;
Páginas em branco de uma vida sem vivência,
Páginas ilustrando a ausência de um sentido.
E só novamente eu estou,
Tentando descrever em poucas palavras
a simples imensidão do nada, que forma
uma corrente e mastiga todos os meus sentimentos.
E só novamente eu estou,
E só eternamente eu estarei.
domingo, 12 de agosto de 2007
A Vela
E aqui estou eu, em um pequeno quarto a observar esta vela, a única luz que posso enxergar no momento. Num momento de tamanha reflexão como esse, consigo enxergar nessa vela as raízes dos problemas da humanidade.
Olhando para essa simples chama que solta ardentemente dessa vela, poderia muito bem descrever tudo o que a compõe, mas estaria estragando sua beleza. As pessoas passam a estudar e olhar as coisas de um ângulo tão besta que tornam a vida uma coisa feia e desleal, que é o que vemos hoje.
Essa pequena chama demonstra para mim nesse momento uma beleza única e uniforme, que joga em minha cara minha ignorância de nunca tê-la percebido e admirado.
Como o mundo pode chegar ao ponto de uma pessoa colocar os estudos e futuramente o dinheiro acima do amor e de qualquer outra coisa? Com dinheiro posso comprar bilhões de velas como essa, mas sem o amor nunca a admiraria de tal forma.
O tempo passa e a vela começa a diminuir e sua chama a enfraquecer, como o próprio ser humano; e o que fez de marcante essa vela? Com uma reflexão tão grande como essa, esta vela teve utilidade bem maior do que o comum e, quando ela esgotar, com certeza ninguém, inclusive você, lembrará dela, ou a esquecerão com o tempo, mas eu não.
Você poderá ser um grande advogado, ganhar um absurdo por mês e então, depois de morrer, seus filhos, netos e talvez até bisnetos se lembrarão de você; e você se contenta com tão pouco? Em ser praticamente igual a esta pequena chama? Viver muito bem e morrer, deixando a humanidade exatamente como quando você veio ao mundo: injusta, burra e sem coração?
Ame, observe, analise os detalhes a sua volta, não tenha medo de ser feliz, não deixe que seus pais programem a sua vida e corra atrás de seus sonhos com coragem, pois qualquer coisa é possível, difícil é ter coragem o suficiente para correr atrás e consegui-la. Não tenha vergonha de dizer o que pensa, nem medo, só lembre-se sempre de usar o que ouviu para seu bem. Seja sempre você mesmo e, não importa o que for, valorize-se; afinal, essa vela pela manhã seria inútil, mas à noite, na falta de alternativas, mostrou que até ela é importante e, se até uma vela tem sua importância, então sem dúvidas você também tem a sua.
30/10/2005
(Como vocês devem ter notado, escrevi esse texto em 2005 e achei-o no computador agora e resolvi postá-lo. Escrevi na época porque passava por uma fase muito difícil da minha vida e depois passei a acreditar que fases como aquela nunca voltariam. Hoje em dia passo por uma que posso dizer sem dúvidas ser muito pior, então esse texto significa muito para mim hoje em dia).
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Bakhunin estava certo
É engraçado como essa vida funciona.. Estou escrevendo hoje, no dia do meu aniversário, às 3:30 da manhã, e posso afirmar com toda certeza do mundo que hoje é o dia mais feliz e mais triste de toda minha vida, ao mesmo tempo.
Sabe, eu nunca fui um cara de ir em igrejas todo fim de semana, mas nunca considerei ninguém nesse mundo mais religioso do que eu, sempre estive conversando com Deus, sempre estive procurando fazer o que fosse o melhor para mim e para os outros, pensando no bem das pessoas, mas chega uma hora que uma pergunta é inevitável: se nem mesmo Deus é justo, por que logo eu tenho de ser?! É óbvio, se o mundo é tão injusto, se a cada dia que passa você nota que Deus é capaz de te jogar ao céu e de repente te mandar para o inferno, por que nós temos de ser justos? Por que temos de fazer uma coisa que nem Deus, supondo que ele exista, é capaz de fazer?!
Por muito tempo eu me enganei, eu sempre sonhei, e ainda sonho em ser um revolucionário, mudar o mundo, não é o que todos querem? Chegar até o topo do mundo, pregar uma bandeira, e virá-lo do avesso, colocá-lo de cabeça pra baixo. Nunca vou deixar esse sonho de lado, mas se faço isso agora, não é por Deus, é por mim, é porque quero me sentir bem, quero saber que se eu mudei, se eu fiz uma pessoa que sofria sequer deixar de sofrer, é porque eu atualmente posso dizer que sei o que é sofrimento e sei o que é felicidade e sei a mudança que fiz pra essa pessoa, sei que fiz o que Deus não foi capaz de fazer.
Nesse tempo todo, cheguei à conclusão que é muito fácil as pessoas ficarem falando que Deus faz coisas que no momento nos parecem ruins, mas que depois vão ser boas pra nossa vida, concordo, faz mesmo, mas Deus conhece muito bem a teoria, nunca sequer foi capaz de pensar em como seria a prática e isso o torna um ser tão imperfeito quanto qualquer um de nós, muito mais imperfeito do que nós, que enquanto deixamos um número limitado de pessoas infelizes e felizes ao nosso redor, Deus dá às pessoas felicidade e depois tira-a como se tudo não passasse de uma brincadeira, de um jogo educativo.
Acontece que na minha vida inteira eu nunca me senti sozinho, nem sequer por um momento, mesmo quando eu estava trancado no meu quarto, eu sentia como se algo sobrenatural estivesse ali sussurrando nos meus ouvidos, me observando, seguindo cada passo meu, e eu sempre me questionei o porquê disso.
Quando eu menos esperava, atravessando a rua agora, de madrugada, no meu aniversário, eu simplesmente parei, no meio da rua, como se algo me mandasse parar, e me senti pela primeira vez completamente sozinho no mundo, de repente uma avenida que eu atravesso todos os dias me pareceu algo completamente diferente do que eu estou acostumado a ver, simplesmente fiquei parado no meio de uma faixa de trânsito, não ligando que talvez pudesse aparecer um ônibus e me atropelar, porque eu era dono de mim mesmo agora, não precisava de me preocupar com ninguém, só tinha de ficar ali parado observando o mundo de uma forma que eu nunca imaginei que veria na minha vida, completamente sozinho.
Não se pode deixar abalar pelas injustiças que acontecem em sua vida, se Deus não é justo, que ele guarde as suas imperfeições para ele, eu sempre serei e, pode parecer besteira, mas um dia eu realmente vou chegar no topo desse mundo, pregar minha bandeira e virá-lo do avesso, com acompanhamento ou sem acompanhamento.
sexta-feira, 8 de junho de 2007
As Caridades odiosas
Foi em uma tarde de sensibilidade ou de suscetibilidade? Eu passava pela rua depressa, emaranhada nos meus pensamentos, como às vezes acontece. Foi quando meu vestido me reteve: alguma coisa se encanchara na minha saia. Voltei-me e vi que se tratava de uma mão pequena e escura. Pertencia a um menino a que a sujeira e o sangue interno davam um tom quente de pele. O menino estava de pé no degrau da grande confeitaria. Seus olhos, mais do que suas palavras meio engolidas, informavam-me de sua paciente aflição. Paciente demais. Percebi vagamente um pedido, antes de compreender o seu sentido concreto. Um pouco aturdida eu o olhava, ainda em dúvida se fora a mão da criança o que me ceifara os pensamentos.
-Um doce, moça, compre um doce pra mim.
Acordei finalmente. O que estivera pensando antes de encontrar o menino? O fato é que o pedido deste pareceu cumular uma lacuna, dar uma resposta que podia servir para qualquer pergunta, assim como uma grande chuva pode matar a sede de quem queria uns goles de água.
Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem querer espiar as mesas da confeitaria onde possivelmente algum conhecido tomava sorvete, entrei, fui ao balcão e disse com uma dureza que só Deus sabe explicar: um doce para o menino.
De que tinha eu medo? Eu não olhava a criança, queria que a cena, humilhante para mim, terminasse logo. Perguntei-lhe: que doce você...
Antes de terminar, o menino disse apontando depressa com o dedo: aquelezinho ali, com chocolate por cima. Por um instante perplexa, eu me recompus logo e ordenei, com aspereza, à caixeira que o servisse.
-Que outro doce você quer? Perguntei ao menino escuro.
Este, que mexendo as mãos e a boca ainda esperava com ansiedade pelo primeiro, interrompeu-se, olhou-me um instante e disse com delicadeza insuportável, mostrando os dentes: não precisa de outro não. Ele poupava a minha bondade.
-Precisa sim, cortei eu ofegante, empurrando-o para a frente. O menino hesitou e disse: aquele amarelo de ovo. Recebeu um doce em cada mão, levantando as duas acima da cabeça, com medo talvez de apertá-los. Mesmo os doces estavam tão acima do menino escuro. E foi sem olhar para mim que ele, mais do que foi embora, fugiu. A caixeirinha olhava tudo:
-Afinal, uma alma caridosa apareceu. Esse menino estava nesta porta há mais de uma hora, puxando todas as pessoas que passavam, mas ninguém quis dar.
Fui embora, com o rosto corado de vergonha. De vergonha mesmo? Era inútil querer voltar aos pensamentos anteriores. Eu estava cheia de um sentimento de amor, gratidão, revolta e vergonha. Mas, como se costuma dizer, o sol parecia brilhar com mais força. Eu tivera a oportunidade de... E para isso fora necessário um menino magro e escuro... E para isso fora necessário que outros não lhe tivessem dado um doce.
E as pessoas que tomavam sorvete? Agora, o que eu queria saber com autocrueldade era o seguinte: temera que os outros me vissem ou que os outros não me vissem? O fato é que, quando atravessei a rua, o que teria sido piedade já se estrangulara sob outros sentimentos. E, agora sozinha, meus pensamentos voltaram lentamente a ser os anteriores, só que inúteis.
Clarice Lispector (A descoberta do mundo)
segunda-feira, 14 de maio de 2007
domingo, 13 de maio de 2007
Muitas palavras, pouco sentido...
Bom, como eu havia dito, tive vários dias de inspiração à flor da pele para vir aqui e postar, mas o meu cansaço me impediu, e escolhi justo esse dia, em que não estou com inspiração nenhuma, nem sei sobre o que postar, apenas uma vontade muito grande de escrever me bateu, como uma espécie de alívio, não sei como vou demonstrá-la por aqui, nem sei como começar, mas só me resta tentar.
Algo incrível na vida, é como as coisas passam rápido, hoje uma grande saudade me bateu, daquelas que você sente quando está olhando fotos do seu passado, e se sente como se estivesse lá, andando, agindo como agiu, sentindo, acho que vocês sabem como é. Estou acostumado com meus amigos, sempre próximos de mim, e este ano, mesmo estando um pouco distantes, ainda estamos próximos, eu sei que se quiser, posso levantar, andar uns 100 metros e chegar até eles, mas quando eu penso que ano que vem vou passar por uma mudança tão grande na minha vida, que talvez fique anos sem ver pessoas que sempre admirei e gostei de ter por perto, que talvez nunca mais veja algumas, é uma transição difícil da vida, que traz coisas boas, e traz coisas ruins, e que não temos outra escolha, se não atravessá-la.
Me peguei hoje escutando Raulzito depois de muito tempo, e "redescobri" porque o admiro tanto, ele simplesmente me leva em uma transição por toda minha vida, ele me leva a pensar sobre tudo que passei, sobre como minha vida é rica em fatos, apesar de às vezes não parecer, me leva a refletir sobre tudo o que vem, tudo o que passou, e é por isso que eu estou aqui, nesta "depressão momentânea", estive pensando também em minha ex-banda, como ela significou pra mim, como eu preciso de uma banda, e ela simplesmente está terminada, quando tudo estava se acertando novamente, típica sensação de "cair do céu para o inferno", todos conhecem essa sensação, e como o simples fato de eu não ter uma banda, uma forma de desabafo, de alívio, pode me levar à loucura.
O problema é que minha vida esse ano anda se resumindo em estudos, para uma coisa que nem é certa, e às vezes, percebo que nem me é útil, não digo que completamente, até considero a maior parte das coisas úteis, mas o problema não está no que estudo, e sim como isso será cobrado - já que o método de "peneiramento" das faculdades é simplesmente ridículo, mas não vou entrar em detalhes agora - por isso percebo como estou perdendo tempo na vida, não estou praticando música, não tenho inspiração pra compor algo, porque simplesmente nada acontece, tudo o que faço é estudar. Neste ano, além de ser um ano de despedidas e perdas, não adiciono nada à minha vivência, é praticamente um ano que não existiu, que eu não vivi, e esta perda de tempo é algo insuportável, algo que martela na minha cabeça o tempo todo, o tempo todo pensando como o tempo passa, meu sonho se distancia de mim, e eu vou adquirindo tendência a levar uma simples vida normal, é incrível como você vai envelhecendo, não que eu esteja já velho, mas já tenho idade o suficiente pra perceber o porquê de os adultos julgarem os sonhos coisas tão fúteis, quando você vai chegando em uma certa transição de fases, vai percebendo que a sociedade já te encaminhou para algum lugar, e que não importa o que você queira, já não vai dar mais tempo de consegui-lo, não estava destinado para você, e de repente você leva um "baque", e percebe que seu tempo está contadíssimo, e que você provavelmente vai se transformar em um velho qualquer que inibe o sonho de seu filho por raiva de não ter conseguido realizar o seu próprio, e isso é tudo o que não quero para mim.
Estive conversando com um amigo esses dias, e ele me disse que a vida é triste, e que quem não percebe isso é ridículo, concordo com ele em partes, chegamos a concordar inclusive, que ela não é completamente triste, mas 95% dela é; você vive vários anos pra ter alguns momentos de felicidade, e mesmo assim, eles acontecem com quem não tem consciência o suficiente pra pensar no mundo como um todo, é um egoísmo que não considero ruim, nesse caso, um pensar em si nos momentos de alegria, apenas para que possa aproveitar um pouco, não é um pecado, mas onde quero chegar, é que nesses momentos, quando você está triste, e nem sabe direito o porquê, você percebe que isso é uma verdade clara, a vida realmente é muito triste; agora você pensa: "Mas esse cara tem tudo, comida, tem o violãozinho dele ali, estuda, o que ele tá reclamando?", mas perceba que estou falando da vida como um todo, não da minha vida, mas a vida de todos, passamos a vida cercados de seres humanos ridículos, todos, sem exceções, gananciosos, egoístas, instintivos, maldosos, e ainda por cima temos a coragem de nos achar os melhores seres do planeta, nesses momentos de reflexão, percebemos que nossa raça é simplesmente o maior lixo da terra, nós somos nosso inferno particular, compomos o melhor time de idiotas já visto, é simplesmente ridículo como nos julgamos inteligentes, racionais, bons, quando mesmo que tomemos boas atitudes, estejamos sempre com pensamentos ruins na cabeça, o tempo todo, o dia inteiro, todos os dias, toda nossa vida.
É nessas horas lhe pergunto, apesar de algumas pessoas rirem:
Pretendo em outros posts falar sobre, primeiramente, um filme chamado "Donnie Darko" - de onde extraí a frase acima - apesar de provavelmente demorar um pouco para ter tempo pra fazer este post, já que ele vai exigir um maior pensar, uma melhor elaboração e mais uma série de pesquisas. Pretendo também escrever um pouco sobre a nova Fase do Green Day, a antiga, a banda em geral, resumir o que penso sobre toda a tragetória, e falar sobre "O Iluminado", livro de Stephen King, fazendo uma comparação com o filme, já que ambos são magníficos.
Abraços
sábado, 31 de março de 2007
Pra começar..
Estou criando este blog simplesmente para exercitar a escrita, eu gosto muito de ler, e estive sempre procurando um lugar para escrever, e como eu odeio escrever a mão, resolvi criá-lo. Não o divulgarei, portanto se você está aqui, provavelmente achou ele sozinho e já fico muito feliz com isso. Bloqueei os comentários simplesmente porque não os quero em público, se você quer comentar você pode falar diretamente comigo.
Bom, inicialmente, meu nome é Marcelo Riceputi Alcantara (ou Alcântara, depois que eu escrevi errado na carteira de identidade não sei bem como me chamo mais), nasci no dia 23/07/1990, sou filho de Fernanda Riceputi e Fernando Antonio, tenho dois irmãos gêmeos (Ana Paula e Luiz Paulo).


Nesta foto faltou o Vitor, mas foi com maior número dos citados que encontrei, tirada nessa época
Nessa época, eu já tinha um conhecimento que, modéstia à parte, poucas pessoas têm em relação a música, já havia conhecido bandas como "Pink Floyd", "Led Zeppelin", "Pearl Jam", "Beatles", e muitas outras, inclusive no campo nacional, quando eu havia passado por fases de vício em bandas como "Engenheiros do Hawaií", "Legião Urbana" (Como já foi citado), "Ira!" (Eu ficava simplesmente fascinado com o Edgar Scandurra na guitarra), dentre muitas outras bandas, meu conhecimento sobre música e meu gosto musical ficaram muito abrangente. Por incrível que pareça, minha paixão musical se concentrou, durante um ano aproximadamente, em uma banda chamada "Green Day". Por incrível que pareça, porque, apesar de gostar de bandas como "Ramones", "Green Day" é uma banda não muito parecida com meu gosto musical, e, na verdade, eu odeio uma grande porcentagem das bandas influenciadas pelo Green Day ou semelhantes a ela, mas o Green Day tem algo que nenhuma das outras tem, a simplicidade musical do Green Day é uma simplicidade que não deixa nada a faltar, não é como outras bandas que são simples, mas soam simples e deixam parecer que muitas coisas poderiam ser acrescentadas, as músicas do Green Day simplesmente não deixam a desejar, é uma simplicidade completa, e aquilo foi algo que me ensinou muito, porque pelos progressos que você faz na guitarra ou em qualquer instrumento musical, você começa a ser levado a procurar algo mais complexo e coisas simples começam a soar ruim para você, mas o Green Day me mostrou que não são apenas coisas complexas sonoramente que são boas, e que músicas simples podem dizer aquilo que músicas muito complexas não seriam capaz de dizer, logo o Green Day trouxe algo que também foi muito importante em meu aprendizado musical.
Já no primeiro ano, também tive uma grande transição em minha vida, e outra transição que não consigo explicar, pois se até essa época não conseguia ficar em casa, precisava estar sempre em contato com alguém, sempre na rua, sempre indo em alguma festa ou qualquer coisa do tipo, simplesmente de um dia para o outro passei a achar minha casa o melhor lugar do mundo, e passei a achar aquele momento em que se fica sozinho essencial, tão essencial que passou a ser uma das coisas que mais valorizo em minha vida, e isso acabou conflitando com muitos amigos, porque essa mudança radical passou a incomodar as pessoas que estavam acostumado comigo sempre saindo e as acompanhando, sempre animado a fazer algo, e isso é um dos maiores problemas que tenho atualmente, porque eu não gostar de sair ou qualquer coisa do tipo não significa que eu esteja desvalorizando ou faltando com atenção as pessoas, muito pelo contrário, eu gosto de estar em contato com as pessoas as quais já possuo contato, só não gosto muito de estar em contato com pessoas novas, salvando raras exceções, então poderia dizer, resumindo, que a palavra para o que me transformei é "Anti-Social".
Mas nessa época, graças ao Green Day, eu conheci uma pessoa chamada "Yara", e dentre várias outras pessoas que conheci através dessa banda e que foram e são muito importantes para mim, ela sem dúvidas é a mais, pois namoro com ela há, nesse momento, um ano e dois meses, e com ela, meu conceito de "tudo que tem um início, por melhor que seja, tem um fim" caiu, e eu vi que há coisas que não terão fim, e o amor que tenho por ela é uma delas.


Nesse tempo, algo de muito importante para o meu aprendizado, em relação a música, também aconteceu, que foi minha primeira banda. De nome "Fenris", ela era composta pelo grande "Mateusera", guitarrista e vocalista, "André" como baixista, "Mauricio" como baterista, e eu também como guitarrista e vocalista, dividindo. Já nessa época também, minha primeira apresentação, tocando realmente o que gosto de ouvir, com uma banda, algo de iniciativa nossa, algo que com certeza me marcou bastante, e entrar em uma banda foi importante pois você nunca aprenderá bem algo se não tiver experiência, se não colocá-la em prática, se souber só teoricamente, e por isso você precisa ter uma banda, pôr em pratica o que você aprendeu todo esse tempo e ver se realmente serviu de algo, e, ao meu ver, serviu, e não há lugar que eu me sinta melhor do que estando em cima de um palco. Mas, apesar de não ser tudo, algumas coisas boas realmente chegam ao seu fim, e, além de o Mateus ter ido embora para fazer vestibular por um tempo, o André começou a se distanciar muito, e a Fenris acabou chegando ao fim, mas não fiquei sem banda por isso, porque fizemos uma junção de duas bandas, a "Legendarius" e a "Fenris", os componentes da Legendarius já eram amigos meus nessa época, e o Mateus e o Mauricio também participavam dessa banda, então não foi difícil me adaptar, e assim, essa banda ficou composta pelo "Daniel", "Mauricio", "Renato" e eu. Graças a Deus, não por muito tempo, pois o Mateusera resolveu voltar para Varginha depois de um tempo, e voltou também para essa junção, que permaneceu, e assim está até hoje, o que não sabemos ainda é qual será o nome da banda, mas temos tempo para decidi-lo.
Hoje passo por uma fase realmente de transição, um ano de estudo, pois quero ir fazer faculdade em Florianópolis (UFSC), para Direito, uma das faculdades que tenho vontade de me formar, uma de muitas outras as quais vou me formar e tenho certeza disso, mas meu real sonho é mexer com música, algo que tenho certeza que vá acontecer, mas não pretendo fazer faculdade de música porque não quero precisar ganhar dinheiro com música, quero que minha relação continue tranquila e sem pressão, como sempre foi. Sonho também em fazer "Filosofia", "Jornalismo", mas há coisas como física e matemática, que sempre estarei estudando também por hobbie, por mais que isso pareça estranho, são coisas que sinto prazer em estudar, e eu acho que todas as pessoas sentiriam se não fosse o preconceito em relação a elas.
Bom, resumir sua vida em uma postagem, em um dia, é algo impossível, e se você pode fazer isso, considere-se um fracassado. Eu tentei ao máximo, e claro que muitas coisas não estão incluídas, muitas mesmo, mas espero que através dela você tenha tido uma idéia de como funciona este minúsculo cérebro no interior de meu crânio. E parabéns, se você leu até aqui, considere-se um vencedor.
Abraços, Marceleza