domingo, 31 de janeiro de 2010

Sound of Silence


"Hello darkness, my old friend,
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping
Left it's seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.

In restless dreams I walk alone
Narrow streets of cobblestone,
Neath the halo of a street lamp,
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of a neon light
That slip the night
And touched the sound of silence.

And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more,
People talking without speaking,
People hearing whithout listening,
People writing songs that voices never share
And no one dared
Disturb the sound of silence

'Fools', said I, 'You do not know
Silence like a cancer grows
Hear my words that I might teach you
Take my arms that I might reach you.'
But my words like silent raindrops fell
And echoed
In the wells of silence

And the people bowed and prayed
To the neon god they made,
And the sign flashed out it's warning
In the words that it was forming,
And the sign said: 'The words of the prophets are
Written on the subway walls
And tenement halls'
And whispered in the sounds of silence"


(Simon and Garfunkel - The sound of silence)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

(...)

(...)
Seu sufismo não fazia sentido. Seu caminho e seu consolo eram a dor, o ódio, a misantropia, o egocentrismo. Era um sufista ateu.
Se Deus não existisse, nada do que ele via teria sentido; se Deus existisse, nada teria sentido de qualquer forma. Ainda assim, acreditava encontrar o sentido de tudo.
Sua função de dar às pessoas o que as falta através de todos os livros que nunca conseguira escrever não era sustentada por qualquer motivo racional, mas ele sentia seu peso e, à noite, quando seus ombros gritavam, era mais real que qualquer lei do universo. Bêbado, assistia a si mesmo demonstrar toda infalibilidade de sua idéia sem se compreender; estava certo, nunca errava.
Quando via sua mulher sofrer, queria vomitar sua "doença" (não a considerava patológica, mas se referia a ela dessa forma em seus pensamentos, sem saber ou procurar saber por quê), via que não era mais apenas ele que abria mão de sua vida pela verdade do mundo. Nunca deveria ter se casado.
Era a pessoa mais racional e também a mais emotiva do mundo.
(...)



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Este trecho foi retirado de um livro que estou escrevendo. Ainda é um esboço, podendo ser modificado posteriormente.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Vícios

“Como deve ser pular desta sacada?”
Todas as verdades viciam. Eu podia fechar os ouvidos, olhos, forçar minha mente para estar em outro lugar, mas pra onde quer que eu corresse, essa pergunta continuaria ecoando em minha mente. Era uma idéia que esteve presente em minha vida por dois anos e se encontrava adormecida em um canto empoeirado, poeiras as quais se transformavam em vômito, poesia e música.
Estava há dias sem tomar qualquer remédio quando esta pergunta trouxe todos os dias que se passaram de volta pra mim em dez segundos, como tempo perdido, como pesados dez dias a mais.
O primeiro a desferir golpes de conforto acabou por consolar, na verdade, a mim. Eu não era hipócrita, eu não tinha o direito de convencê-lo de que aquilo era errado, eu e ele não éramos diferentes. Aquele hipócrita que agora beijava sua mão seria, em alguns dias, o mesmo que o empurraria de um prédio meses depois, enquanto aquela pergunta estaria ecoando em minha cabeça, destruindo minha vida, me puxando pelo mesmo caminho.

O próximo encontro contou com um amigo a menos. Um amigo feio, burro e chato a menos. As pessoas sentiram sua falta nos momentos em que deveriam ser engraçados para a maioria e torturantes pra um único indivíduo. Nos momentos em que eram obrigados a expor os defeitos um do outro, porque o dono de todos os defeitos estava morto.
O maior problema é que eu ainda não conseguiria ser hipócrita, mas ainda teria de suportar aquela maldita pergunta ecoando em minha cabeça, em curvas, passeando por todos meus pensamentos, vindo rir e me bater enquanto estivesse em um ônibus, uma festa ou almoçando com a família. Embriagado, dez anos depois, escreveria aquela pergunta à caneta em meu braço, na parede de meu quarto, choraria sem me achar no direito de chorar, sem conseguir acreditar que haveria um porquê pra isso.

A verdade é um vício, nunca uma resposta, nunca uma solução. Enxergar isso é simplesmente notar que a verdade não tem valor algum, que não existe. É ter consciência de que não sofremos por nada, que o sofrimento é simplesmente independente. A verdade é um vício, o sofrimento não é verdadeiro, é algo que existe e independe de qualquer padrão.
Sofrimento não é a verdade, sofrimento é a resposta que nunca conseguiremos enxergar, a doença que arderá todos os dias em equações que nunca desvendaremos, o qual morreremos ignorando, isolando; algo que não queremos entender, mas simplesmente evitar.

A verdade é um vício, o sofrimento é apenas uma lágrima.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A primeira prece

Hoje eu conheci um doente mental.
A maioria das pessoas pensa que sofrer é saber que um inferno espera quem comete pecados. O verdadeiro inferno é ter a certeza de que não há infernos que esperem quem tente compreender o mundo.
Ele havia sido traído e estava triste. Eu não compreendia o que ele dizia e ele sabia que dizia demais. Seria um romance à lua cheia, se ele não fosse retardado e eu tivesse preconceitos diversos misturados à perversidade benevolente de querer ser alguém. Eu precisava ajudá-lo, não sei por quê, e ele me respondeu: “Sou eu quem está te ajudando, e não você quem está me ajudando”. Foi a única coisa que ele disse, e me respondeu a ignorância de muitos, menos a minha. Não era o que eu sentia, mas eu acreditava no que eu pensava, apesar de sentir que pensava o que não traduzia aquilo que consistia em mim.
Era só uma pessoa que havia sido traída e não podia deixar que eu o acompanhasse pra casa e, enquanto ele caminhava embora, até atingir o horizonte e o lugar no qual eu nunca mais poderia vê-lo, lágrimas pulavam de meus olhos e tentavam acompanhá-lo em vão; eu ficaria ali, parado.
Ele conhecia além do que podia compreender. Sabia que, enquanto eu estivesse parado ali, assistindo a ele caminhar até desaparecer, eu estaria descobrindo parte do que eu era: um doente que precisa ajudar outros doentes, um delinqüente responsável que detesta seu próprio serviço.
Tudo o que eu queria era ficar bêbado e assisti-lo desaparecer, tentando fingir que isto nunca havia acontecido. Que todas minhas memórias e minha consciência fossem embora junto com aquele retardado mental. Aquele surdo com o qual tentei me comunicar e o qual tentei ajudar com lágrimas de minha bondade semi-hipócrita.
Posso nunca ser bem-sucedido ou posso ser bem-sucedido enquanto você estiver lendo este desabafo, mas indiferente disto (e que isto fique bem claro), peço que você corte em pedaços tudo o que não escrevi e sou, tudo o que escrevi e não sou, tudo o que sofri e não senti, tudo o que senti e não sofri, tudo o que bebi e não vomitei, tudo o que vomitei e não bebi; tudo o que sou e não sei, tudo o que sei e não sou. Tudo.
Mate-me com um machado, faça com que eu sinta dor. Acabe com tudo.
Amém.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Analgésicos e solidão

"Salva o mundo e ganharás
Analgésicos e solidão"

Foi o que lhe disseram
Aceitou, sem pensar no que viria
Sentia na pele a vertigem da verdade
Passava pelos olhos a ânsia da mentira
Construiu para si uma coroa de pesadelos
Espancou-se com a dor que nada valia

Dele restou um bilhete
Para o filho que não teve:

"Deus não existe;
Deixe este peso de lado
E vá brincar de miséria"

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Poema da catarse sem rimas

A insônia é o sufismo dos loucos
A arrogância é o sufismo dos sábios
A prisão é o sufismo dos livres
O vazio é o sufismo dos vícios

A noite é o sufismo dos poetas
A felicidade é o sufismo dos ignorantes
O pinto é o sufismo das putas
O não-ser é o sufismo do ser

E vice-versa

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Passageiro de um esboço passado

Já estive em tantos lugares
Que não estou em lugar nenhum
A cada passo o passado não passa
"Pra onde vou?", esta pergunta eu passo
Por enquanto fico aqui,
Sentado neste compasso
Nos olhos, passando o passado
Passo a passo
Três por quatro, escasso
Infindável esboço
Vida

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Green Day - Emenius Sleepus

"I saw my friend the other day
And I don't know
Exactly just what he became
It goes to show

It wasn't that long ago
I was just like you
And now I think I'm sick and
I wanna go home

How have I been, How have you been
It's been so
What have you done with all your time
And what went wrong

I knew you back when
And you, you knew me
And now I think you're sick
I wanna go home

Anybody ever say no?
Ever tell you that you weren't right?
Where did all the little kid go?
Did you lose it in a hateful fight?
you know it's true"

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Errar é Humano. Acertar é desumano.

Estou na porta da casa da Júlia. Muito álcool.
Carol discute sobre como não liga para o que os outros pensam e como a fidelidade é boçal enquanto João, gritando como de costume (quando está bêbado), debocha dela.
Daniel discursa sobre como é emocionante ser flamenguista e o Flamengo é um time superior enquanto João, gritando como de costume (quando está bêbado), debocha dele.
Júlia não consegue parar de rir. Gargalha. Serve álcool para todos: “Mais ‘Balalouca’. Mais ‘Balalouca’”. Irrita-me muito quando chama “Balalaika” de “Balalouca”. Mas sorrio.

Cara, quando eu iria imaginar que reuniria essas pessoas? Estávamos todos sentados no meio da rua, poderíamos ser atropelados a qualquer momento (mas nenhum carro passaria, eu sabia disto), completamente bêbados; mas eu sorria.
“Algo grande vai acontecer hoje”. “O quê?”. “Você vai morrer”.
“Vamos roubar o carro do pai da Júlia?”, sugeri.

Daniel, João e Carol, no banco de trás, morriam de rir, compartilhando estórias nas quais eu estava envolvido. No volante, Júlia estava muito séria. No banco da frente, eu tinha uma garrafa de “Balalaika” em mãos.
Júlia passava dos 100km/h e a sensação era excelente. Ao contrário do que se pensa, a velocidade é um remédio anestésico e hipnótico. Desacelera o coração, tudo fica sereno, embaçado. É uma nova embriaguez.
“Errar é humano. Acertar é desumano”.
Na beirada da estrada, eu movia arbustos da forma como eu desejasse, como se fossem dedos de minhas mãos; prolongamentos de meu corpo.
“Errar é humano. Acertar é desumano”.
Dobrava as faixas amarelas da estrada, como se eu as formasse com a ponta de um lápis. Como se fossem vibrações das cordas de um violão; do meu violão.
“Errar é humano. Acertar é desumano”.
Abri a janela e fiz ventar muito forte em meu rosto, fechando os olhos. Já não mais ouvia a voz de ninguém. Virei-me para trás e notei que eles ainda conversavam. E riam muito. Virei-me para Júlia: ela ainda estava séria. Tentei fazê-la sorrir, mas não tinha controle sobre isto.
“Errar é humano. Acertar é desumano”.
Fechei os olhos e me vi, com os braços abertos e as pernas juntas e esticadas, em minha cama. Não podia me mexer, minhas mãos e pés estavam pregados.
“Errar é humano. Acertar é desumano”.
Abri os olhos e vi uma curva acentuada à frente. Do outro lado, um enorme e íngreme barranco.
“O carro atravessará a curva. Seus amigos não se machucarão. Você morrerá”.
Júlia pisou no acelerador e tentou virar o volante. Ela não parecia assustada, não sei se realmente pretendia escapar da curva. Talvez estivesse tão bêbada que nem compreendia que havia uma curva a nossa frente. Que se machucaria e poderia morrer se não a fizesse. Talvez nem percebesse que estava em um carro. Talvez nem estivesse pensando. O carro atravessou a curva, voando pelo barranco.

Suspenso no ar, o carro parou. O tempo parou.
Olhei para trás, todos estavam parados, em uma gargalhada congelada. Olhei para o lado, Júlia ainda estava séria.
Acho que agora eu deveria estar lembrando toda minha vida, mas na verdade, foda-se.
Em uma montanha-russa, a adrenalina não é completa porque no fundo tem-se a noção de estar seguro. Se eu não tivesse medo de morrer, aquela seria a melhor emoção de minha vida. Seria o meu momento. Valeria pelo que vivi e pelo que ainda viveria. Se eu não tivesse medo da morte. Não tenho medo da morte.
Dei uma golada da garrafa de “Balalaika”. “Queria poder fazer sexo agora”. Uma risada e o tempo voltou a andar.

Assisti ao carro ser inteiramente destruído, capotando infinitas vezes, sendo moldado à força do acaso. Sentia cada pancada nele em meu corpo, sem haver, porém, dor, como se estivesse anestesiado. Caímos em um local plano.
Eu estava vivo.
Saí do carro, este de cabeça para baixo. Pela janela, puxei Carol. Merda, enquanto a puxava, sua perna se rasgou na ferrugem. Ela estava horrível. Seu rosto todo roxo, inchado e repleto de cortes.
Puxei João. Porra, como era pesado. Algo havia penetrado em um de seus olhos, o qual sangrava muito.
Pela outra janela, tirei Daniel. Uma de suas pernas parecia quebrada, com algo que deduzia ser um osso se projetando em sua calça jeans, com muito sangue. Enquanto o puxava, seu osso agarrou na lataria. Náusea. Senti o vômito chegar à minha boca, mas o engoli. Um enorme corte procurava ênfase, se extendendo desde o início de sua barriga até a metade de seu peito.
Puxei Júlia e ela não parecia ferida. Seus olhos estavam abertos, mas estava morta. Todos eles estavam. Eu sabia disto.

Arrastando seus cadáveres, fiz com eles um círculo ao meu redor. Eu não respirava. Não havia vento, barulho, não havia nada.
Acendi um cigarro e o fumei até o fim, sem pensar em nada – também não havia pensamentos.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

(...)

De que me adianta tentar escrever neste papel
Se sentimentos não podem ser descritos?
Muito menos deve-se tentá-lo fazer
Sinta-os, e só

Em uma balança de qualidades e defeitos
Os sentimentos nos mostram a beleza
Independentes, o que os mantém vivos
Fugitivos do mundo no qual foram criados

Aos versos mais brancos e livres
Os sentimentos atribuem sentido
Miteriosos, como olhos desconhecidos
Carregando, em suas entrelinhas, o prazer da dúvida

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Itacoatiara



Buraco na cortina
Transparece o sol
Tecido rasgado
Transparece o estofado
Brilho na saliva
Transparece a loucura
Vazio da alma
Transparece no olhar

Barraco de tijolos
Desnudos, expostos
O chão é o próprio solo
Lágrimas de água do mar
O teto são estrelas
Cabeça regada ao luar
Casa velha desmorona
Transparece alguém a sonhar

Sonhos, sonhos
Trabalhar, trabalhar
Risca na madeira podre
Sua vontade de gritar
Suado, acorda à noite
Beber leite, talvez um cigarro fumar
A fumaça transparece
Alguém que se põe a cantar

É só o princípio do fim
Dia-a-dia que corrói o ser
Lembrou seu pai, vida idêntica
Pediu a Deus para não crescer
Mais uma prece oca
Não atendida pelo vento
Transparece, em sua caligrafia torta,
Sua vontade de morrer

Mas ele não sabe disto
A chuva ofusca tudo
Mudo, se põe a pensar:
Fim de semana ganho um beijo
Que mate meu desejo
Do sal ardente do mar
Na vida, o sonho flutua
Itacoatiara, nada é pesar

(...)

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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

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domingo, 8 de novembro de 2009

Futebol: manifestação cultural ou bem de consumo?

Duas coisas devem ficar bem claras antes de qualquer crítica vinda de mim:
Sou palmeirense, torço pra um time paulista que sempre foi favorecido pela mídia em sua história; estou em posição de lançar qualquer crítica sobre o caráter de mercadoria que assume o futebol? Talvez.
Devemos, acima de tudo, ter clara a idéia de que a Mídia e o Futebol são estruturas administrativas separadas, apesar de toda interdependência, de forma que a administração do Futebol Brasileiro não pode controlar o poder de modelar o esporte que a mídia possui (basta lembrar que a mídia não é, por exemplo, um critério de qualidade musical, mas influencia na música de forma direta sem que a música tenha o que fazer para frustrar esse controle, podendo no máximo buscar ferramentas alternativas a ele). Seria muito mais coerente, sem dúvidas, porém, que um torcedor do Vitória, Sport ou Cruzeiro fizesse aqui esta crítica.
Mas o que há de possível para que se evite que a justiça se perca completamente no futebol? É óbvio e até desnecessário e engraçado que eu inclua aqui (porém, mais necessário do que aparenta ser): o aparelho que regula a justiça futebolística: CBF, STJD.
Estou aqui desmerecendo o time do Fluminense? Há dez rodadas digo que o Fluminense está jogando excelentemente bem e defendo suas chances de escapar do rebaixamento (escapatória pela qual torço assim como torci pelo Vasco no ano passado; acho que acima de tudo, devemos torcer pela grandeza do futebol), além de tudo, o Fluminense é um time carioca que tenho uma enorme simpatia, a torcida mais bonita que vi pessoalmente (Nas quartas-de-final, contra o Corinthians - claro que não sirvo de critério, por ter visto poucos jogos no Maracanã) e uma torcida que realmente tem presença marcante nos momentos de necessidade de seu time.
Estou aqui desmerecendo o time do Palmeiras? Excetuando o Vagner Love, jogador que venho criticando antes mesmo de voltar ao Palmeiras, me orgulho e muito do elenco de meu time (crises são normais em todos os campeões brasileiros).

De que se trata esse texto, afinal?
Da justiça esportiva no Brasil. Será que ainda existe um critério?
Vagner Love foi expulso no jogo contra o Santo André em uma falta que, na minha opinião, não era nem pra amarelo. Foi denunciado e eu concordo com o STJD: o critério utilizado foi a opinião do árbitro dentro de campo, ignorando as conclusões posteriores sobre a real presença de violência desnecessária ou não. Foi suspenso e, até aí, com minha concordância
Mas se o critério é esse, como é que funciona denunciar o Danilo por conclusões posteriores (cartão amarelo no jogo contra o Corinthians) e não pela opinião do árbitro? O futebol se decide dentro ou fora de campo? Vamos criar um critério pra isso? Uma justiça mais racional? O fato é que fica a dúvida se o Danilo vai ser suspenso ou não: já não sei, porque com a derrota contra o Fluminense essa suspensão pode se tornar "desnecessária". Mas vamos ainda além; se as conclusões posteriores são aceitas, por que não validar o gol do Obina contra o Fluminense hoje? Afinal de contas, ficou claro que o Simon, mais uma vez, errou.
"O Simon mais uma vez errou"? É, sim. Apesar de o Rogério Ceni dizer que o Símon sempre prejudica o São Paulo, alguém lembra qual jogo tirou o Palmeiras da disputa do título ano passado? Acho que eu lembro: o Jogo contra o Grêmio, apitado pelo Símon. Aquele que o Grêmio segurou o jogo em faltas desde o princípio e o Simon atribuiu dois cartões amarelos já no fim do segundo tempo; aquele, em que assisti à atitude mais bonita de minha vida (goleiro Marcos, aos 30 do segundo tempo, já correndo pra área e buscando fazer o gol, mostrando por que é o maior ídolo da história do futebol brasileiro), apesar de a beleza da raça do santo ser incoerente com a sapiência do árbitro.
Mas espere aí, ir além disso? Então vamos: A Justiça desportiva deixa bem claro que não tolera que questões relacionadas ao futebol sejam resolvidas na Justiça comum, mas deixa nossos árbitros totalmente vulneráveis? Quer dizer então que o Rogério Ceni pode ser expulso no jogo contra o Santos e difamar publicamente o Simon, que o STJD não tomará partido nenhum do caso? Quer dizer então que o esportista deixa de ter Direitos Civis pra entrar no futebol?
Ou será que não? Ou será que o Obina teria sido punido hoje, se saísse de campo crucificando o Simon (em uma situação em que ele realmente merecia)?
Não vou além e citar a Mala Branca que acabou por tirar os dois principais jogadores do Barueri apenas no confronto com o São Paulo (Val Baiano e Renê), porque esse é o assunto menos importante e o que a mídia, a mesma que favorece o eixo Rio-São Paulo, mais polemizou (apesar de todos nós, com exceção do Rogério Ceni - que é muito sábio, por sinal - achar o lance um pouco estranho).

Finalizarei dizendo que o futebol tende, mesmo, a cada vez mais funcionar menos como Manifestação Cultural e mais como Bem de Consumo, a não ser que nós nunca abandonemos nosso time e a cultura do mesmo. Com ou sem título, com ou sem justiça, o amor por meu time ficará sempre inalterado.

PALMEIRAS, SEMPRE!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Epitáfio

VCKCW1CX4CR1CZCKU2CYC3T5C/S2C/Q

Passo a passo, do fim ao início.
Mergulhar além da superfície.

Vivo em seis cômodos vazios
E, por isso, sei melhor que ninguém:

Sentimentos são foneticamente diferentes
E invariavelmente dolorosos.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Lupus Eritematoso Sistêmico

Hoje descobri a felicidade nos detalhes
Nas cores das pernas desnudas
No cheiro putrefato dos açougues
Nos riscos da lâmina fina e afiada de uma navalha

Lágrimas são menos salgadas se você sorri
Mais quentes se você sonha
Duras, se você ama
Vazias, se você é humano

Me afogo em Lá Menor
Os acordes tapam meus ouvidos
Minha voz emudece minha razão
A melodia transforma meus sentimentos

Este cadáver, mais vivo que a vida

A música acaba e já não mais sou mudo
Meus pensamentos voltam, devoram meu ser
Aqueles, que deveriam construir
Que vêm do passado volumoso, do presente escuro, do futuro vazio

Bocas se voltam contra mim, no interior de minha pele
Me mastigam e gritam tudo o que sou
A mim, não resta o que dizer
Eles estão certos, isto é tudo

Este tudo que a vida tem a oferecer
Este nada em que se torna no meu interior
Esta dor na alma (alma que já não acredito ter)
Canibalismo

Hipocondria e aversão a remédios
Uma bailarina sem palco
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio
Álcool e um quarto vazio

Quero ser encontrado morto em meu quarto
Corpo nu no chão empoeirado
Sem móveis, sem papel
Sem letras, sem dinheiro
Com um blues de pano de fundo
(Ou melhor, sem música)

Este cadáver, mais morto que a morte

domingo, 1 de novembro de 2009

Visão geral

Cara, preciso de umas férias de seis meses, em uma praia de nudismo, com a Fernanda Machado e uma caixa de Midazolam.
Enfim, não ando postando por, como sempre, ter deixado o que não me interessa - e, ao mesmo tempo, me é essencial - pra última hora, o que anda ocupando meu tempo, apesar de, como sempre, passar a maior parte do dia olhando pela janela sem fazer nada.
Pretendo postar, quando tiver mais folgado pra detalhes, o livro ("Silêncio") explicando poema por poema (mas algo me diz que nunca terei paciência pra fazer isso, então pode acontecer de eu só postá-lo sem explicar nada também). A maioria dos poemas estão no Blog, por isso não tô me apressando em colocar aqui.
Também criei um twitter (www.twitter.com/marceloriceputi), que pretendo usar concomitantemente ao blog.

Acho que isso é tudo. Abraços e se cuidem.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sufismo psicológico e social

Prisão
É onde vivemos, apesar de você dizer que
Não
Pode pensar que sabe o que sinto, mas não pense que peço
Perdão
Descrever sentimentos e tentar entendê-los com
Razão
Esconder o lixo, expor o luxo e chamar isto de
Civilização

Perdão, não, você tem razão
A civilização é uma prisão

Perdão, civilização, você tem razão
Mas não vou viver nesta prisão

Ração
Branquear os dentes, remover as cáries, esconder a
Podridão
Forçar o riso, esboçar o siso e perder de vez a
Noção
Levantar da cova e trazer as novas a esse inferno
Pagão
Erguer o muro, lavar a alma e celebrar, em festa, a
Nação

Eu sei, nação, perdi a noção
Mas não vou mais comer sua ração

Me chame pagão, me crucifique com noção
Mas não vou mais cheirar sua podridão

O Bom-senso é censura
O Bom-senso é censura
O Bom-senso é censura
O Bom-senso é censura

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

This is the end, my only friend

Merda, cara, mas que merda. Vontade de encher um papel de xingamentos e porra alguma. Vendi, há muito tempo, minha felicidade ao demônio por um preço que nunca vou receber. Sonho com este erro todos os dias e, ao acordar, não ganho nem sequer o privilégio de me arrepender. Vida injusta filha de uma puta.
Nunca fiz questão de ser feliz e ainda não faço. A peça acabou, sem platéia alguma, e algum filho da puta esqueceu de abaixar as cortinas, me deixando aqui: nu, exposto, sozinho.
Uma doença só mata se você a descobrir em você. Nunca faça exames preventivos, corram da porra do exame de próstata. Escrevi um livro de poemas julgando ser um "Sentimento do Mundo", mas agora vejo que nunca será publicado, nunca será lido. É um livro sobre um câncer que as pessoas não sabem ou não querem saber que possuem. Eu sou a única pessoa nesta porra achatada onde dizem haver vida? É só uma porra, um esboço, um rascunho, de vida.
Obrigado a minha educação por me mostrar que vivemos sem poder fazer escolhas - seguimos uma estrada sem bifurcações, onde os fracos morrem no caminho e os fortes tomam champanhe na virada dos anos e, no fim, escrevem livros desinteressantes sobre suas existências; acordamos todos os dias e, depois de milhares de anos de racionalidade, concordamos com o instinto humano mais primitivo. Obrigado a meus amigos por serem complacentes com isso e devorarem tudo o que há de especial em mim e depois me abandonarem exposto (não preciso mais dessas merdas, fiquem com tudo isso pra vocês, não vale nada). Obrigado a meu pai por toda sua preocupação mesquinha e por se esquecer de olhar para minhas vontades (apesar de tudo, o amo, por saber que se parece comigo e que é uma pessoa totalmente diferente do que demonstra ser).
Agora quero que todos vão tomar em seus cus com a mesma certeza de que precisam ser sábios, passar no vestibular, fazer faculdade, trabalhar e ser bem-sucedidos. Vão se foder como se essa fosse uma verdade dogmática, como todas as outras verdades de suas cabecinhas burras e idéias medíocres.
Por fim, um agradecimento sincero à sociedade - e toda sua concepção moral - por comer todos meus sonhos; hoje os vejo pueris e percebo que de nada valeria realizá-los.
Vão todos tomar no cu, não faço parte de toda esta merda. Hoje tomei uma decisão e preciso estudar coisas às quais perdi todo o interesse à medida que perdi a esperança, mas só por mais dois anos e então desaparecerei.
Não me façam perguntas, não façam perguntas a ninguém, apenas vão tomar no cu.

"Pra que(m) serve seu conhecimento?"

domingo, 18 de outubro de 2009

Parede de fotografias

As paredes de meu quarto já não refletem mais
Tudo o que passou
Meu reflexo no espelho já não mostra mais
Tudo o que eu sou
(E o que será que eu sou?)

Na manhã, pela janela, o sol não ilumina mais
O que sobrou
Há um mar de escolhas e meu corpo não emerge mais
Fico com o que restou
(E o que será que me restou?)

Cartas que já não interessam
Versos no canto do caderno
Lembranças do que um dia foi sincero

O rosto no espelho do baneiro
Os olhos carregando o passado
Todo o fardo sendo abandonado

Os meus livros na estante já não refletem mais
O que aprendi
Os CD's e o walkman já não mostram mais
Tudo o que eu vi
(O que eu vi, eu aprendi)

A promessa da menina já não reflete mais
O que virá
E soprando na esquina, o destino, o acaso traz
O que será
(O que será que me virá?)

A cabeça deitada no travesseiro
No caderno, as idéias novas
A bondade que o mundo, lá fora, reprova

O espaço vazio na parede
Os retratos que ainda estão por vir
Retratos que um dia também vão partir