domingo, 9 de novembro de 2008

Amor e vontade


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É como minha mãe realmente me falava: "O importante não é ganhar, é competir"; mas ninguém consegue entender essa frase. Não é pra ser um perdedor passivo e, no fim, vê-la como um consolo, é ter a convicção de que não importa se o que veio foi a vitória ou a derrota, o que importa foi todo o esforço empregado em busca da vitória. Se há dois nomes que devem ser citados e consagrados na história do Palmeiras, são Marcos e Kleber. Não é Valdívia, Vanderlei Luxemburgo; habilidade e gritaria, esperteza e falta de coração, não são o bonito do esporte, por mais que a falta destes possa trazer a derrota, a vitória passa a não ser nada perante a beleza do esforço e da vontade de uma vitória por amor, e quando esta acontece, a consagração passa a acontecer de forma magnífica e eterna.
O que senti hoje foi uma pena sem tamanho das pessoas que vivem de consagração de décadas passadas de seu time, de jogadores que nunca sequer viram jogar, pessoas que se utilizam puramente de argumentos de autoridade passados pelos pais sem conseguir enxergar a beleza do futebol; é o mesmo de amar uma mulher que morreu antes de você nascer, não é possível sentir um sentimento real de amor e admiração, sentir na pele, o que é estar junto e se sentir junto de um esportista, se não esteve realmente com ele.
O que assisti hoje foi (a) um espetáculo de beleza e vontade, de amor ao time, simultâneo a vergonhosos vexames de pura cobiça ao fortalecimento do ego: enquanto o Palmeiras era um time totalmente sem raça e vontade, vergonhoso em campo, em meio a uma torcida maravilhosa, Marcos era um exemplo do que é amar uma camisa, do que é se sentir usando um manto que não é como qualquer outro, do que é jogar por amor e não por cobiça. E é o que foi demonstrado pelo Kléber durante todo o campeonato. Habilidades e gracinhas, mas o sumiço e a covardia na hora da real necessidade (Valdívia) não é a beleza real do esporte, desprezo a um campeonato que talvez não tenha tanta significação em seu currículo (Sul-americana) e esquecimento da importância que este talvez tenha para o time (Vanderlei Luxemburgo) não é a beleza real do futebol.
Perdemos uma partida, talvez o título (estive com o Palmeiras até os 45 do segundo tempo em todos os jogos, não importa o placar, e estarei até o fim do campeonato, não importa quão ínfimas sejam as chances), mas ganhamos as cenas que estão entre as mais bonitas da década do nosso campeonato; o amor à camisa não está morto.