quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Conselho de um poeta

Minha insônia hoje é uma coisa meio louca, vem da voz de Robert Smith, não muito de lembranças do que já passou, mas de uma expectativa e animação do que virá. De coisas boas que podem vir a acontecer em lugares que tenho um carinho especial.
Essa semana, esse mês, eu não sei dizer direito o quanto dormi e o quanto fiquei acordado. Quando deito, me perco em meus pensamentos e, às vezes, durmo, mas sonho comigo mesmo deitado em minha cama, ainda sem dormir, pensando e quando acordo, já de madrugada, não sei dizer se dormi a noite toda ou passei a noite toda em branco, acordado, perdido em pensamentos.
Hoje escrevo, mas por não ter outra opção, queria ter alguém aqui agora simplesmente para jogar conversa fora, conversar sobre coisas sadias, me perder em palavras e simplesmente esquecer um pouco as coisas lá fora. Mas diferente do que costuma acontecer, não estou triste, deprimido ou pessimista, estou puramente introspectivo e pessoal, simplesmente pensativo.
Por mais que digamos que não nos apegamos a objetos, lugares, a velha história de simplesmente estarmos com quem gostamos em qualquer lugar, que não ligamos para roupas etc; tudo isso não é verdade. Todo mundo tem aquela jaqueta já velha e gasta que nunca vai deixar de usar, todo mundo sente falta daquele parquinho que ia brincar quando criança, da primeira escola, do seu quarto, sua casa, aquele lugar que você ia tanto e que nunca tinha nada pra fazer, sempre te deixava entediado e te levava a pensar que você precisa encontrar um novo lugar pra freqüentar.
Há um ano não moro mais em Varginha e esse mês fará seis meses que não visito minha cidade natal. Minha vontade e ansiedade em voltar lá não se dá tanto pelas pessoas (apesar de sentir muitas saudades de algumas), mas sim em rever coisas, lugares, ver como eles devem ter mudado (minha casa mesmo está totalmente diferente), sentar nesses lugares e simplesmente deixar a cabeça trabalhar nas lembranças, olhar como eles estão agora, sentir dentro de mim um pouco da vida que já passou.
Ah, Varginha, acho que se uma pessoa nasce no inferno, sente saudades ao sair dele. Não importa aonde eu vá ou onde eu esteja, sempre sentirei imensas saudades dessa cidade que me proporcionou tantas alegrias e inúmeras tristezas, inesquecível.
Apesar de achar que alguém não pode se autoconhecer sozinho, acho que deve haver uma fase intermediária onde a pessoa fica sozinha e, sem muitas coisas acontecendo em sua vida, sobra tempo para parar e olhar para o passado, analisá-lo e, através de tudo o que viveu com outras pessoas, se entender melhor. Minha fase foi esse ano, sem dúvidas, mas sem dúvidas também está na hora de essa fase passar, sem dúvidas já estou preparado para voltar à vida, e me alegra muito finalmente ouvir isso de mim mesmo; espero que as coisas dêem certo para mim.
E quanto a você, ouça um conselho de um humilde poeta e escritor: só há vida fora dos livros.