segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Ego revolucionário - as revoluções "porção única"

Não posso afirmar que Russeau estava certo ou errado com relação à sociedade, mas tenho consciência de que esta corrompe o homem mais e mais a cada dia que passa, talvez por cada vez mais oferecer a este um ambiente ideal para que ele se revele, se deixe levar por seus instintos mais internos.
Essa gradação afasta cada vez mais o homem de seu lado idealista e o aproxima de seu ego; às vezes eu olho ao meu redor e me sinto sozinho. Não parece haver mais revolucionários idealistas como os vistos em toda a história, como os vistos no século XX, o que eu vejo são pessoas que simplesmente querem ser vistas como aquelas do passado, admiradas por serem considerados revolucionárias, mas visando seu ego e não seus ideais - se é que possuem algum realmente.
É o que vemos a cada dia que passa; não há espontânea vontade, é preciso que um policial mate um adolescente e isto apareça na televisão para as pessoas se revoltarem; é preciso que setecentos palestinos morram e bombas explodam na Faixa de Gaza para que as pessoas se revoltem - é preciso que até os jornais se escandalizem para que as pessoas se assustem um pouco.
É aí que surgem os heróis porção única, que nunca haviam sequer ouvido falar no assunto, mas que lêem desesperadamente sobre ele, falam sem parar coisas que às vezes nem sequer sabem se estão certas ou têm algum embasamento para afirmá-las; repassam belos e-mails, muito bem escritos, com opiniões alheias, sem sequer terem certeza do que estão repassando. Informação, idealismo? Zero. Ego? Mil - olha como ele fala bonito e tem a barba grande.
A revolução não está morta, mas dorme na ignorância desses jovens "politizados".